Bom começo

O Colégio Arautos do Evangelho em Curitiba teve estas primeiras semanas bem promissoras.

Tanto os alunos, seus pais, como nós somos gratos pelo ensino ministrado pelo corpo docente sob a coordenação da Profª Heloísa Alves Passarella. As aulas deste início de ano letivo prometem muito, sobretudo se os alunos demonstrarem o mesmo empenho que tiveram no ano passado… ou mais.

No início da terceira semana de aulas houve a primeira reunião dos pais e professores visando garantir a boa continuidade do que já foi feito. Os pais demonstraram contentamento pelo que foi decidido após um amigável debate.

Os alunos prepararam uma peça teatral-surpresa para os pais: “O mundo de hoje”. E saíram-se muito bem.

Logo a seguir o Pe. Antônio Guerra, EP, provincial dos Arautos para a região Sudeste, celebrou para todos, a Missa acompanhada pelo Coral.

Neste ano, em várias outras cidades foram abertos Colégios Arautos do Evangelho, e pelas noticias que nos chegam, dão idênticas esperanças as dos Colégios já existentes anteriormente.

Autenticidade, fundamento do apostolado

Qual o “segredo” pelo qual alguns têm fruto no apostolado que fazem e outros não têm?

O “segredo” é revelado pelo Mons. João Clá, EP, fundador dos Arautos do Evangelho, no texto que damos a seguir (*).

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SE QUEREMOS SER SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO, TEMOS QUE SER ÍNTEGROS

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

O Evangelho expressa com muita clareza a obrigação de cuidarmos de nossa vida espiritual não só pelo desejo da salvação pessoal. Sem dúvida, é mister abraçar a perfeição para contemplar o Criador face a face por toda a eternidade no Céu, o mais precioso dom que possamos obter; e precisamos ser virtuosos, porque o exige a glória de Deus, para tal fomos criados e disso prestaremos contas.

Entretanto, Nosso Senhor nos quer santos também com vistas a sermos sal e luz para o mundo!

Enquanto sal, devemos empenhar-nos em fazer bem aos demais, pois temos a responsabilidade de lhes tornar a vida aprazível, sustentando-os na fé e no propósito de honrar a Deus. São eles credores de nosso apoio colateral, como membros do Corpo Místico de Cristo.

E seremos luz na medida em que nos santificarmos. Deste modo, nossa diligência, aplicação e zelo no cumprimento dos Mandamentos servirá ao próximo de referência, de orientação pelo exemplo, fazendo com que ele se beneficie das graças que recebemos.

Assim, seremos acolhidos por Nosso Senhor, no dia do Juízo, com estas consoladoras palavras: “Em verdade Eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a Mim mesmo que o fizestes!” (Mt 25, 40).

Pelo contrário, se sou orgulhoso, egoísta ou vaidoso, se somente me preocupo em chamar a atenção sobre mim, significa que me converti num sal insosso que já não salga mais, e privo os outros de meu amparo; se sou preguiçoso, significa que apaguei a luz de Deus em minha alma e já não proporciono a iluminação que muitas pessoas necessitam para ver com clareza o caminho a seguir. E devo me preparar para ouvir a terrível condenação de Jesus: “Em verdade Eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer” (Mt 25, 45).

Em última análise, tanto o sal que não salga quanto a luz que não ilumina são o fruto da falta de integridade. O discípulo, para ser sal e para ser luz, deve ser um reflexo fiel do Absoluto, que é Deus, e, portanto, nunca ceder ao relativismo, vivendo na incoerência de ser chamado a representar a verdade e fazê-lo de forma ambígua e vacilante.

Nossa Senhora Auxiliadora

Procedendo desta maneira, nosso testemunho de nada vale e nos tornamos sal que só serve “para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”. Quem convence é o discípulo íntegro que reflete em sua vida a luz trazida pelo Salvador dos homens.

Peçamos, pois, à Auxiliadora dos Cristãos que faça de cada um de nós verdadeiras tochas que ardem na autêntica caridade e iluminam para levar a luz de Cristo até os confins da Terra.

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(*) Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, “O inédito sobre os Evangelhos”, Libreria Editrice Vaticana, 2013, vol. II, p. 65-67.

Pais e filhos na escalada

Objetivo: escalar o Morro do Canal, um dos pontos apreciados da Serra do Mar. Feitos os convites aos jovens que frequentam a casa dos Arautos do Evangelho em Curitiba, houve um “protesto” dos pais: eles também queriam ir!!

Em nossa “base de operações” o Pe. Ryan Murphy, EP rezou conosco para que Nossa Senhora fizesse tudo correr da melhor forma possível. Despedimo-nos e partimos para vencer os 1.359 metros de subida que nos aguardavam.

Foi uma experiência marcante a solidariedade e mútua ajuda entre pais e filhos. Os pais não se limitavam a ajudar os seus filhos, mas quando necessário auxiliavam e orientavam outros jovens.

Nessa região a Serra do Mar tem uma característica curiosa: ao divisarmos o topo de uma ondulação, pensa-se já ser o ponto final; mas não é: outra subida nos aguarda.

Por fim, para alegria geral chegamos realmente ao topo. Ali nos esperava um panorama magnífico: aos pés da Serra se estendia a planície costeira e… o mar!

Apesar de estarmos a muitos quilômetros de distância (quase 100, segundo nos disseram), estávamos a 1.359 metros de altura, sem nenhum obstáculo pela frente. No dia de céu límpido via-se claramente a água azulada e a linha do horizonte.

Contornamos algumas formações rochosas, escalamos outras e voltamos. Lá em baixo nos aguardava um suculento almoço preparado pelas mães. Os pratos tinham um tempero especial, de que todos gostam: carinho.

Pais e filhos comentavam com as mães algumas peripécias da escalada em meio a uma efusiva alegria.

Mas, tudo termina… O Pe Ryan rezou agradecendo a proteção de Nossa Senhora e voltamos a Curitiba, na esperança de, logo que possível, repetirmos um dia assim.

Almas que têm medo de Jesus

Em nosso dia a dia é comum encontrarmos pessoas que quereriam ser melhores mas que cometem faltas, às vezes frequentes. Muitas destas almas sentem o peso de suas faltas e acham que, se procurarem o perdão, não o obterão. Veem o contraste entre a infinita santidade e pureza de Deus e a sua situação de pecado.

O texto transcrito a seguir, de autoria do Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, fundador e Superior dos Arautos do Evangelho, deixa claro o que devem pensar estas almas ainda abertas a corrigir-se mas que receiam aproximar-se de Deus três vezes Santo.

Jesus veio para perdoar

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Os Evangelhos são o testamento da Misericórdia. O anúncio do maior ato de bondade havido em toda a obra da criação — a Encarnação do Verbo — é o frontispício, a bela abertura de sua narração. A chave de ouro com a qual esta termina deixa-nos sem saber se ainda não é mais bela e comovedora: a crucifixão e morte de Cristo Jesus para restabelecer a harmonia entre Deus e a humanidade.

A Bondade divina une substanciosamente esses dois extremos, a Gruta de Belém e o Calvário, através de uma sequência riquíssima em acontecimentos escachoantes de amor pelos miseráveis: “Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19, 10). Essa alegria de Jesus em perdoar transparece nas doutrinas, conselhos e até mesmo nas parábolas por Ele elaboradas a fim de que seus ouvintes melhor entendessem sua misericórdia, como, por exemplo, a do filho pródigo (Lc 15, 11-32), a da ovelha desgarrada (Lc 15, 4-7) e a da dracma perdida (Lc 15, 8-10). A euforia de quem encontra, em qualquer dos três casos, reflete o contentamento do próprio Cristo ao promover o retorno de uma alma às vias da graça.

Jesus perdoa a mulher adúltera

Ele é o Bom Pastor que ao apanhar a ovelha imprudentemente destacada do rebanho, a reconduz ao redil, a fim de infundir-lhe nova vida de maneira superabundante. E Ele a leva sobre seus próprios ombros, enquanto os Céus se enchem de um júbilo ainda maior do que o causado pela perseverança dos justos (cf. Jo 10, 11-16; Lc 15, 4-7).

Dentro dessa atmosfera de amor, jamais vimos Jesus, ao longo de sua vida pública, tomar a menor atitude depreciativa em relação a quem quer que fosse: samaritanos, centurião, cananéia, publicanos, etc. A todos invariavelmente atendia com divina atenção e carinho: “Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29).

Nenhuma pessoa d’Ele se aproximou em busca de uma cura, perdão ou consolo, sem ser plenamente atendida. Tal foi seu infinito empenho em fazer o bem, sobretudo aos mais necessitados: “Não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mc 2, 17); “o Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu; e enviou-Me (…) para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4, 18-19). O próprio Apóstolo dirá mais tarde: “Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o primeiro” (1 Tm 1, 15).

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(Trecho de “A Lei ou a Bondade?”, in Revista Arautos do Evangelho, nº 63, março de 2007, p.10-12. O conjunto dos comentários do Mons. João Scognamiglio Clá Dias estão publicados em “O inédito sobre os Evangelhos”, Libreria Editrice Vaticana, 2013.)

Mudança de padrões

Em post anterior (Divina sagacidade) vimos como Jesus escolheu um local estratégico para sua pregação. Vejamos agora a ocasião propícia escolhida pelo Divino Mestre para apresentar a síntese dos seus ensinamentos no Sermão da Montanha.

Para tal, são muito apropriadas as considerações do Mons. João Clá, EP, fundador e Superior dos Arautos do Evangelho na introdução de seus comentários ao Sermão da Montanha, em recente publicação da Libreria Editrice Vaticana. ⁽¹⁾

JESUS PROCLAMA UMA DOUTRINA INOVADORA

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Vários meses haviam transcorrido desde o início da vida pública de Jesus. Encontrava-se Ele agora nas redondezas de Cafarnaum, junto ao Mar de Tiberíades, aonde tinham ido para ouvi-Lo e serem curadas “pessoas de toda a Judeia, e de Jerusalém, e do litoral de Tiro e Sidônia” (Lc 6, 17).

Acabava Jesus de escolher doze dentre seus discípulos, aos quais dera o nome de Apóstolos (cf. Lc 6, 13-16), preparando assim a fundação da sua Igreja. Era essa a ocasião propícia para apresentar de público uma suma dos ensinamentos que a Esposa de Cristo, ao longo dos séculos, haverá de guardar, defender e anunciar a todos os povos. É o que Nosso Senhor vai fazer no Sermão da Montanha, verdadeira síntese do Evangelho e píncaro da perfeição da Nova Lei. Servem-lhe de exórdio as oito bem-aventuranças, como portal magnífico de um palácio incomparável.

Neste sermão o Messias, “a título de fundador e legislador da Nova Aliança, declara a seus súditos o que lhes pede e o que deles espera, se querem servi-Lo com fidelidade”. ⁽²⁾

Violenta ruptura com antigos costumes e preconceitos

Difícil nos é hoje, após dois milênios, compreender a novidade radical contida nessas palavras do Divino Mestre. Trouxeram elas para o mundo uma suavidade nas relações dos homens entre si, e destes com Deus, desconhecida no Antigo Testamento e, a fortiori, pelas religiões dos povos pagãos.

Com efeito, as palavras de Nosso Senhor vão provocar uma completa transformação dos costumes da época, marcados pelo egoísmo, pela dureza de trato e até mesmo pela crueldade. Elas são próprias a determinar também uma violenta ruptura com “os preconceitos dos contemporâneos de Jesus sobre o reino messiânico e o próprio Messias — já que esperavam um Messias forte e poderoso na ordem temporal, formidável guerreiro que deveria subjugar as nações e colocá-las sob a férula de Judá, tendo Jerusalém como capital gloriosa”. ⁽³⁾

Lago de Genezaré- Ao fundo o monte das Bem Aveturanças

A felicidade não está no pecado

Afirma o eloquente Bossuet: “Se o Sermão da Montanha é o resumo de toda a doutrina cristã, as oito bem-aventuranças são o resumo do Sermão da Montanha”. ⁽⁴⁾ Elas sintetizam, de fato, todos os ensinamentos morais dados pelo Redentor ao mundo e estabelecem os princípios de relacionamento prevalentes em seu Reino.

Ao praticá-las, o homem encontra a verdadeira felicidade que busca sem cessar nesta vida e jamais poderá encontrar no pecado. Pois, quem viola a lei de Deus no afã de satisfazer suas paixões desordenadas afunda cada vez mais no vício até se tornar insaciável. “Todo aquele que comete o pecado é escravo do pecado” (Jo 8, 34), adverte Jesus.

As almas puras e inocentes, ao contrário, desfrutam já nesta Terra de uma extraordinária alegria de alma, mesmo no meio de sofrimentos ou provações.

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⁽¹⁾ Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, O inédito sobre os Evangelhos, Libreria Editrice Vaticana, 2013, vol. II, p. 39-42.

⁽²⁾ FILLION, Louis-Claude. Vida de Nuestro Señor Jesucristo.Vida pública. Madrid: Rialp, 2000, v.II, p.94.

⁽³⁾ GOMÁ Y TOMÁS, Isidro. El Evangelio Explicado. Barcelona: Casulleras, 1930, v.II, p.158.

⁽⁴⁾ BOSSUET. Meditations sur l’Évangile. Versailles: Lebel, 1821, p.4.