O maior concerto de harpas do mundo

Chegados ao Paraguai no início do século XVII, os missionários jesuítas depararam-se com as surpreendentes qualidades dos guaranis para a música e procuraram incentivá-las fazendo levar até aquelas longínquas terras diversos instrumentos musicais da época, entre os quais a harpa.

Habilmente copiada e aperfeiçoada por artesãos nativos usando madeiras desconhecidas no Velho Continente, ela haveria de tomar nesse país uma sonoridade limpa e consistente, transformando-se no instrumento nacional.

Esta singular história evangelizadora está na origem de um acontecimento que ficou registrado recentemente no livro Guinness dos recordes: o maior concerto de harpas do mundo.

Ele aconteceu, no ginásio poliesportivo da Secretaria Nacional de Esportes em Assunção, com a participação de 420 instrumentistas de entre 9 e 74 anos de idade.

A juveníssima Monserrat, vinda da cidade de Encarnação, era a mais nova dos que atuaram no concerto. “Sempre gostei deste instrumento; papai o tocava e mamãe e eu gostamos muito, pois nos lembra dele” — explicou a menina, reconhecendo assim a força da tradição.

O cerne do grupo era, não obstante, formado por harpistas profissionais.

Nas estimativas da organização, existem neste país de apenas 7 milhões de habitantes perto de mil músicos que tocam este instrumento.

Andrés, o mais idoso dos executantes, externou seu entusiasmo afirmando: “A harpa é a nossa bandeira”.

Como o afirma Luis Szarán, o mais conhecido músico erudito do país, e diretor da Orquestra Sinfônica de Assunção, “o Paraguai é impensável sem as Reduções e a obra dos jesuítas. A língua guarani se salvou graças a eles e hoje é língua oficial como o espanhol, embora os guaranis não sejam mais do que 2% da população do país”.

.
.

Transcrito de Revista Arautos do Evangelho, nº 144, dezembro de 2013.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*