Dedicação da 1ª igreja dos Arautos


O Seminário dos Arautos do Evangelho encontra-se num lugar privilegiado, em meio à abundante vegetação tropical da Mata Atlântica brasileira, nos altos da Serra da Cantareira. O nome desses montes evoca um belo simbolismo: em idos tempos, as propriedades ao norte da então pequena cidade de São Paulo basteciam-se dos mananciais de água pura que neles brotam.

O precioso líquido era transportado em cântaros, que ficavam depositados junto às estradas da região. Daí nasceu o nome da serra: “cantareira”.

A dedicação da Igreja de Nossa Senhora do Rosário fez surgir, nesse mesmo local, uma abundante fonte de Água Viva, da qual fala o Evangelho (cf. Jo 4, 10-15). A partir do momento em que foi consagrado, passaram a defluir desse templo as torrentes de graças divinas que o Santo Sacrifício da Missa, bem como os demais Sacramentos ali ministrados, disponibilizam para todos os fiéis, saciando sua sede de Infinito.

O templo material é símbolo da Igreja, formada por pedras vivas, que são todos os cristãos. Representa ainda a Jerusalém Celeste, onde triunfaremos eternamente com Cristo. Convêm que sua construção seja bela, e até esplendorosa, recordando a quem transpõe seus umbrais benditos que o Céu é o destino dos que perseverarem na Fé e na prática da virtude.

Inspirada no estilo gótico, caracterizado, entre outros detalhes, pela forma dos arcos, bem como pelo entrecruzar de ogivas e nervuras, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário busca exatamente essa beleza ideal, criando em seu interior, através da profusão de cores e da riqueza de formas, um ambiente adequado para as celebrações litúrgicas.

Ocupando 1.125 m2, com capacidade para 1.100 pessoas sentadas, ela atinge uma altura interna de 24 metros. O projeto arquitetônico foi orientado pelo Pe. João Scognamiglio Clá Dias, EP e desenhado pelo arquiteto espanhol Baltazar Gonzalez Fernandez, falecido recentemente.

Tal realização jamais teria sido possível sem o generoso auxílio dos colaboradores da Associação Católica Nossa Senhora de Fátima, do Brasil, da Associação Salvadme Reina, da Espanha, da Associazione Madonna di Fatima – Stella della Nuova Evangelizzazione, da Itália e da Associação dos Custódios de Maria, de Portugal.

O rito da dedicação

Com enorme alegria os arautos participaram da solene celebração litúrgica de dedicação; alegria que veio não apenas do fato em si, que marcou a história da instituição, mas, sobretudo, de verem atendido um acalentado anseio proveniente do mais fundo de suas almas. Com efeito, o carisma que neles deve brilhar com todo o fulgor, a fim de poderem dar testemunho do Evangelho, passa agora a expressar-se também neste edifício sagrado, na elegância das linhas arquitetônicas, no variado desenho das pedras, no jogo cromático das pinturas e na luz capturada pelo colorido dos vitrais.

O cerimonial de dedicação de uma nova igreja é rico, e consiste num harmonioso encadeamento de atos litúrgicos, todos eles cheios de significado. A celebração foi presidida por Sua Eminência o Cardeal Franc Rodé, CM, e concelebrada pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e por D. José Maria Pinheiro, Bispo Diocesano de Bragança Paulista — bem como por mais de 20 bispos e numerosos sacerdotes. Mons. Adriano Paccanelli, mestre das celebrações litúrgicas da Basílica Papal de Santa Maria Maggiore, atuou como cerimoniário.



Entrega das chaves da Igreja

Após os ritos inciais, o Cardeal Franc Rodé, CM, recebeu dos representantes dos construtores as chaves do edifício, e as entregou em seguida ao Superior Geral da Sociedade Clerical Virgo Flos Carmeli, Pe. João Scognamiglio Clá Dias, EP, pois é a este que compete o múnus pastoral da nova igreja.



Bênção da água e asperção

A água benta é um sacramental que, usado com fé, nos purifica dos pecados veniais, e por seu caráter exorcístico, afasta o espírito maligno. O Cardeal Rodé abençoou a água, com a qual aspergiu o povo, em sinal de penitência e em lembrança do Batismo, assim como as paredes e o altar da nova igreja, a fim de purificá-los.

Também os principais concelebrantes — Cardeal Odilo Scherer, Arcebispo

de São Paulo e D. José Maria Pinheiro, Bispo de Bragança Paulista — participaram da asperção.


Deposição das relíquias

O costume de colocar relíquias de santos sob o altar originou-se nos primeiros séculos da Igreja, nos espaços limitados e recônditos das Catacumbas, onde se tornou habitual celebrar a Missa sobre a pedra tumular de um mártir. Entre as centenas de relíquias colocadas sob o altar, destacam-se as dos Doze Apóstolos.



Prece de Dedicação, unção do altar e das paredes da igreja

Após a Prece de Dedicação (foto à esquerda) o altar foi ungido com o Santo Crisma. Nos quatro ângulos e no centro foram traçadas cruzes com o crisma, que simbolizam misticamente as cinco Chagas do próprio Cristo, o “Ungido” pelo Pai, por meio do Espírito Santo, como único Sacerdote da Nova Aliança.

Desde este momento, o templo passou a ser digno do nome de igreja, porque suas pedras “batizadas” (com a aspersão da água benta) e sagradas com o óleo, já representavam a assembléia dos eleitos, ligados entre si, assim como com Cristo, a Pedra Divina, pelo indestrutível cimento do amor.

Após a unção do altar foram ungidas as paredes da igreja. Nas fotos ao lado, o Cardeal Scherer (à esquerda), bem como o Cardeal Rode (à direita) ungem algumas das 12 cruzes, símbolo dos Apóstolos de Cristo, colocadas no templo.

Incensação do altar e da igreja

Depois do rito da unção, colocou-se sobre o altar um fogareiro para queimar o incenso, sinal de que o sacrifício de Cristo, perpetuado aqui sacramentalmente, sobe até Deus como suave aroma, junto com as orações dos fiéis.

Em seguida, o celebrante incensou o próprio altar, e quatro diáconos percorreram a igreja incensando o recito e os fiéis. A cena fazia lembrar o que é narrado pelo o Antigo Testamento quando uma nuvem sobrenatural tomou conta do Templo de Salomão, após sua dedicação.


Iluminação do altar e da igreja

Procedeu-se, então, a iluminação festiva da igreja, pois Cristo é a Luz que ilumina as nações. Todas as velas e as 12 tochas, colocadas no lugar das unções, são acesas em sinal de alegria.

Estas doze tochas simbolizam uma vez mais os Apóstolos, que pela Fé no Crucificado iluminaram o Universo, o instruíram e o inflamaram de amor.

Enquanto isso foi entoado um canto em honra de Cristo, luz do mundo.


Inauguração da capela do Santíssimo

Após o Rito Eucarístico, teve lugar a inaguração da Capela do Santíssimo. Ali, o Sacramento do Altar ficou exposto, onde permanecerá perpetuamente.

Dia e noite, os Arautos do Evangelho elevarão suas orações até o trono do Altíssimo, pedindo pelo Sumo Pontífice, pela Sagrada Hierarquia, pela Santa Igreja, pela santificação dos membros desta instituição e pelas intenções dos cristãos do mundo inteiro.


Ritos Fina
is

Ao término da cerimônia, o Pe. João Scognamiglio Clá Dias, EP deu leitura ao paternal telegrama enviado por Sua Santidade Bento XVI concedendo a todos os presentes a Bênção Apostólica.

Foi aclamado com um caloroso e prolongado aplauso. Do mesmo modo foi dado conhecimento de um especial dom, recebido por tão jovem templo: o vínculo de parentesco espiritual com a Basílica Papal de Santa Maria Maggiore.

E foi lido, por fim, o Decreto da Penitenciaria Apostólica, concedendo indulgência plenária aos fiéis que participem nesse templo de uma função sacra, em determinadas ocasiões.

Revista Arautos do Evangelho nº 76

Projeto Futuro e Vida – Curitiba

O Projeto Futuro & Vida é uma iniciativa dos Arautos do Evangelho, uma Associação Católica de Direito Pontifício, aprovada pelo Papa João Paulo II no dia 22 de fevereiro de 2001.
Composta em grande parte por jovens (moças e rapazes), os Arautos do Evangelho realizam inúmeros projetos culturais e sociais. Sua atuação se estende por mais de 57 países das três Américas, Europa, Ásia e África, onde, através da música, do teatro e do esporte, transmitem uma mensagem de alegria, de paz e de esperança.
Atuando especialmente no campo da cultura, os Arautos do Evangelho empreendem um grande leque de atividades em prol da sociedade, empregando um forte empenho na boa formação da juventude.
Pela variedade dos meios de atuação, procuramos tornar acessível projetos de alta qualidade a todas as camadas sociais, especialmente às menos favorecidas, contribuindo para o seu bem estar e elevar o seu nível cultural como fonte de informação.
Para tanto, percorremos teatros, TVs’ , escolas , hospitais, asilos, orfanatos, presídios, catedrais, estádios, etc.

Projeto Futuro & Vida é uma forma inédita de apoio e conta com a participação de alunos de outras escolas em que inicialmente foi realizado esse projeto.

Oferecendo assim uma apresentação musical realizada na própria escola, incluindo uma representação teatral, envolvendo valores, entre outros de: ética, moral, história e cidadania.

Os alunos sorteados, participam de um ciclo de atividades no Centro Juvenil dos Arautos que consta de oito eventos (dois eventos por semana ao longo de um mês), realizados aos sábados e domingos com atividades de música, teatro e defesa pessoal.

Motivar o jovem a desenvolver a sua cultura e o gosto pelas artes cênicas e musicais, através de um ensino vivo e rico em ética, história e cidadania; oferecer o esporte como meio de lazer, ajudando na formação de “uma mente sã num corpo sadio”.
Esta atividade cultural-humanitária visa incutir no coração de cada aluno um sádio ideal, para que ele se torne um difusor desses valores na sociedade. Damos com isso, uma oportunidade para melhorar o rendimento escolar, a qualidade de vida e a inclusão social.
Visamos que o aluno seja um multiplicador, comunicando para a própria escola e para a sociedade o que aprendeu conosco, melhorando seu desenvolvimento como qualidade de vida.

“Nosso objetivo é dar aos alunos uma ocupação, pois onde há desocupação, aí está o perigo. É preciso ocupar o jovem, mas ocupá-lo com atividades elevadas da arte e da cultura, do pensamento e das idéias sadias. Queremos a salvação da juventude!”(Mons. João S. Clá Dias)

Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, atualmente Presidente Geral, fundador de numerosos grupos de jovens, profundo conhecedor de filosofia e de teologia, e amante da música;

Nossa Senhora da Luz

Postado à entrada do grandioso Templo em Jerusalém, o velho Simeão aguardou durante toda a sua vida o momento no qual poderia ver com seus próprios olhos o Messias tão esperado. Sua fé por fim foi premiada, e no feliz dia em que pôde ter em seus braços o Divino Menino Jesus, voltou a face aos céus e proclamou agradecido:

“Os meus olhos viram a vossa salvação (…) luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo Israel” (Lc 2, 30-32).

O venerável ancião falava com toda a propriedade. O Messias possuía em Si essa sobrenatural e magnífica Luz cujos raios haveriam de penetrar os confins de toda a terra, conquistando as nações, expulsando os demônios, e por fim abrindo aos homens as portas dos Céus.

E que se poderia dizer da Mulher escolhida por Deus para trazer ao mundo tal Luz? Séculos antes, Ela havia sido anunciada pelo grande profeta Isaías: “Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, cujo significado é: Deus conosco” (Is 7,14; Mt 4,16).

Sendo a portadora desta Luz de valor infinito, com muita razão os homens, nos séculos vindouros, A venerariam sob a bela invocação de Nossa Senhora da Luz. E foi sobretudo no Portugal do século XV que essa devoção floresceu e dali se difundiu para além-mar.

A protetora de um pobre cativo

Pedro Martins, simples agricultor da pequena vila portuguesa de Carnide, levava uma existência tranqüila com sua esposa. Mas eram turbulentos os tempos em que viviam. As crônicas não relatam exatamente como, mas ele teve o infortúnio de cair prisioneiro dos mouros da África.

Do ambiente de afeto de sua família, caiu na desgraçada condição de escravo, sujeito a um regime sem compaixão de trabalhos pesados, sob clima atroz e, sobretudo, privado por completo do conforto da religião cristã.

Passavam-se os anos, e nenhuma esperança humana restava ao infeliz cativo. Vendo-se de tal modo desamparado pelos homens, Pedro Martins se voltou então, com mais intensidade do que nunca, para Deus.

Numa noite, isolado em sua cela, resolveu rezar com mais fervor e fé.

Após horas de oração, vencido pelo sono, adormeceu. Então apareceu-lhe em sonho uma Senhora cheia de luz,

a qual lhe prometeu voltar mais vezes para consolá-lo e, após sua última visita, fazê-lo voltar para Carnide. Acrescentou que, lá chegando, ele deveria procurar algo que pertencia a Ela e fora escondido perto de uma fonte. Deu-lhe também a incumbência de ali edificar uma capela, cuja localização exata. Ela lhe indicaria por meio de uma luz.

Trinta noites consecutivas passou ele consolado pela própria Mãe de Deus! As dores sofridas durante o dia se desvaneciam pela luz e a suavidade das horas passadas aos pés de Maria.

No entanto, ele continuava cativo. Ao despertar da trigésima noite, oh surpresa!

De modo milagroso e inesperado, estava ele de volta em sua boa aldeia.

Tomado de emoção, encontrou-se com os seus entes amados, os quais muito se admiravam por vê-lo salvo.

Mas ele não se esqueceu do pedido da Virgem, e logo se pôs a procurar aquilo que, segundo a indicação d’Ela,

tinha sido escondido “perto de uma fonte”. Na verdade, num local chamado Fonte do Machado, há tempos uma

luz misteriosa andava aparecendo, e de toda parte vinha gente curiosa para ver tal fenômeno. Decidiu então Pedro ir à noite, acompanhado de um primo, para ali fazer a busca. Realmente, ao chegar à fonte avistaram uma luz a se mover diante deles. Seguiram-na até um matagal, e ela parou sobre umas pedras.

Eles não pensaram duas vezes. Retiraram as pedra
s e com encanto se depararam com uma lindíssima imagem de Nossa Senhora.

A notícia dessa milagrosa descoberta correu por todo o país, e naquele mesmo ano — 1463 — deu-se início à construção de uma capela, conforme fora ordenado pela Santíssima Virgem.

Anos mais tarde, ela seria substituída por uma magnífica igreja.

Uma devoção floresce pelo mundo

Atravessando os mares, a devoção a Nossa Senhora da Luz estendeu-se pelo mundo inteiro, frutificando em graças prodigiosas, de modo especial nos lugares colonizados pelos portugueses. São muitos os milagres a Ela atribuídos, e não seria demasiado aqui citar mais um.

Por volta de 1650, existia num povoado de colonos do sul do Brasil uma capela dedicada à Senhora da Luz, localizada perto de um rio chamado Atuba. Seus habitantes andavam muito perplexos, pois todas as manhãs a imagem da Virgem aparecia com a face voltada para uma região de muitos pinheiros — curytiba, em idioma tupi — onde viviam os ferozes índios tingui. Resolveram então desbravar aquela área, e paralá se dirigiram, dispostos a enfrentar um eventual ataquedos indígenas.

Ao aproximarem-se, qual não foi sua surpresa quando Tindiquera, o cacique da tribo, adiantou-se sorrindo e os acolheu calorosamente.

Era, sem dúvida, uma milagrosa ação pacificadora da Virgem. Tornando-se amigo dos colonos, o chefe índio não só lhes cedeu o terreno que pretendiam, mas indicou-lhes o melhor lugar, fincando sua lança no solo; os colonos ali a deixaram, em sinal de respeito e amizade. Ao chegar a primavera, a lança do amistoso cacique floriu. Não eram necessários mais sinais. Ali mesmo, sob o amparo da protetora imagem, fundaram uma nova vila cujo nome, como era comum nessa época, mesclava palavras portuguesas e indígenas: Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curytiba.

Nesse mesmo local ergue-se hoje uma imponente catedral neo-gótica, testemunho da ação ao mesmo tempo pacificadora e luminosa da Mãe de Deus.

A admirável invocação de Nossa Senhora da Luz é um contínuo convite a todos nós para cada vez mais amarmos e seguirmos o seu Divino Filho, o qual de Si mesmo afirmou: “Eu sou a luz do mundo; aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8, 12).