“Bem aventurados os pobres de espírito porque deles é o Reino dos Céus”, assim inicia Jesus o seu célebre Sermão da Montanha (Mt 5).
Curiosamente algumas pessoas fixam-se apenas no termo secundário (pobres) e consideram menos o principal (de espírito).
O amor de Jesus de modo algum era excludente, não se limitava a esta ou àquela condição social, a esta ou àquela situação de alma: diz de Si mesmo ter vindo para os necessitados de médico, e estes os há em todas as partes, em todas as classes.
Não é o ter mais ou menos poder que aproxima ou afasta Jesus: vejamos o afeto com que trata um alto oficial romano, ou Zaqueu, chefe dos cobradores de impostos. Toca e cura os leprosos e vai repousar na casa de Lázaro, um dos homens mais ricos de Israel, do qual chora a morte e o ressuscita.
Em tempos mais recentes como agiu a Esposa Mística de Jesus, a Santa Igreja Católica? De modo muito semelhante ao divino Esposo: canoniza uma simples empregada doméstica (Santa Zita, Santa Ana Maria Taigi)e logo depois um Imperador (Henrique II da Alemanha).
Nesta semana há um acontecimento neste sentido: Jesus não exclui ninguém.
Poucos dias atrás, mais precisamente no dia 21 de outubro, a Igreja celebrou a memória do Bem Aventurado Carlos, último Imperador da Áustria e Rei da Hungria, falecido em 1922.
Nas culminâncias de seu cargo, era entretanto um “pobre de espírito”. Do contrário a Igreja não o proporia como modelo aos fiéis.
Ocorre aqui uma “coincidência”: sua esposa, a Imperatriz Zita, levava este nome em honra de Santa Zita, empregada doméstica.
Ambos —o Imperador e a empregada doméstica — eram pobres de espírito, ou seja procuraram em primeiro lugar o Reino de Deus, o viver segundo os mandamentos. Essa era a verdadeira riqueza de ambos. Por isso o amor de Jesus por ambos não estabelecia distinções, não conhecia fronteiras.
A vida do verdadeiro católico consiste em imitar o Divino Mestre. Peçamos a ele que nosso amor também seja sem fronteiras, sem excluir ninguém, pois Ele vê o íntimo dos corações, vê as nossas intenções, sejamos nós o que sejamos.
Seria amesquinhar a figura de Jesus querer limitar o seu amor a estes ou àqueles. Mesmo aos pecadores Ele veio para chamá-los à conversão e desejar haver “um só rebanho e um só pastor” (Jo 10, 16).
Peçamos ao Bem Aventurado Carlos, Imperador da Áustria e a Santa Zita, empregada doméstica, que nos faça amar Jesus como Ele é.