Um amigo pouco conhecedor do perfil dos Arautos do Evangelho ficou bem impressionado com a disciplina que percebeu haver no nosso estilo de vida. Perguntava-se se essa disciplina era fruto de um amor pela causa abraçada ou se era “uma imposição” vinda “de cima”.
— Você conhece o Mons. João Clá? —perguntei-lhe.
— Muito pouco, e só por algumas coisas lidas. Vi um trecho de vídeo em que aparecia o Mons. João, mas foi só um pedacinho. E nesse trecho ele apenas regia um coral…
— Então vou contar-lhe uma.
Era uma apresentação musical. Na variedade das músicas, foi anunciada a próxima, de conteúdo muito pitoresco: A Sinfonia dos Brinquedos, de Leopold Mozart, pai do grande Mozart.
Para se entender o que se passou é preciso ter em vista uma afirmação de Santa Teresinha do Menino Jesus, muito aplicada pelo Mons. João Clá: ao se procurar fazer bem as almas não se deve ficar atrasado em relação à graça nem adiantar-se a ela. É preciso ter a docilidade de acompanhar-lhe o “passo”. Ir devagar quando a graça vai devagar, apressar quando ela apressa.
Da docilidade a isso depende o fazer a vontade de Deus a propósito das circunstâncias as mais variadas. É essa docilidade à graça uma dos dons que nós Arautos mais admiramos em nosso fundador, inspirador e animador em qualquer momento, seja na hora favorável, seja na difícil.
Um dos fatos dessa docilidade presenciado por vários deu-se na apresentação musical mencionada: O Monsenhor percebeu que os assistentes queriam ago que os orientasse em meio à desordem dos dias de hoje.
O narrado a seguir é o que ficou na memória, mas de modo tão marcante que jamais esquecerei.
Dizia o Mons. João Clá: Os que vieram aqui certamente se prepararam: procuraram saber o caminho a tomar, o horário a sair para não chegar atrasado,ver se o carro tinha combustível, que roupa colocar etc. Para tudo nós nos preparamos: para um exame vestibular, para uma entrevista de emprego, e até para coisas mais simples do dia a dia.
A vinda aqui, por exemplo. Não era certo que chegassem. Ou porque na hora de sair apareceu um imprevisto, ou porque o trânsito parou, ou um defeito súbito no motor fez o carro não seguir. Algo semelhante podia acontecer com muita outra coisa: um vestibular não feito por motivo de doença, a entrevista cancelada, assim por diante.
Entretanto para a única coisa certa desta vida muitos não se prepararam. Esse algo que certissimamente acontecerá é… a morte. Deus, tão misericordioso e paternal em nos conceder graças para lhe sermos fiéis, retribuir o seu amor com amor nesta vida, nesta hora será nosso Juiz. Que contas prestaremos ao Divino Juiz?
Pensemos nisso.
As inspiradas palavras do Monsenhor repercutiram fundo nas almas. Ao final da música percebi que muitos, enquanto saboreavam o lanche servido estavam pensativos. Uma senhora conhecida comentava: “Era o que precisávamos ouvir, pois vamos despreocupados pela vida sem pensarmos nesta única coisa certa a acontecer: a morte. Foi uma bondade do Monsenhor tratar desse assunto”.
Esta senhora tinha certa proximidade conosco e vi que sua vida mudou para melhor. Ficou mais alegre pois estava agora numa perspectiva que sabia verdadeira.
Do contrário, poderíamos deixar aqui um pedido: aquele que ache que não vai morrer, “levante a mão”.