Levante a mão

Leopold Mozart com o filho Wolfgang e a filha Nanerl

Um amigo pouco conhecedor do perfil dos Arautos do Evangelho ficou bem impressionado com a disciplina que percebeu haver no nosso estilo de vida. Perguntava-se se essa disciplina era fruto de um amor pela causa abraçada ou se era “uma imposição” vinda “de cima”.

— Você conhece o Mons. João Clá? —perguntei-lhe.

— Muito pouco, e só por algumas coisas lidas. Vi um trecho de vídeo em que aparecia o Mons. João, mas foi só um pedacinho. E nesse trecho ele apenas regia um coral…

— Então vou contar-lhe uma.

Era uma apresentação musical. Na variedade das músicas, foi anunciada a próxima, de conteúdo muito pitoresco: A Sinfonia dos Brinquedos, de Leopold Mozart, pai do grande Mozart.

Apresentação musical dos Arautos do Evangelho
Regência: Mons.João Clá, EP

Para se entender o que se passou é preciso ter em vista uma afirmação de Santa Teresinha do Menino Jesus, muito aplicada pelo Mons. João Clá: ao se procurar fazer bem as almas não se deve ficar atrasado em relação à graça nem adiantar-se a ela. É preciso ter a docilidade de acompanhar-lhe o “passo”. Ir devagar quando a graça vai devagar, apressar quando ela apressa.

Da docilidade a isso depende o fazer a vontade de Deus a propósito das circunstâncias as mais variadas. É essa docilidade à graça uma dos dons que nós Arautos mais admiramos em nosso fundador, inspirador e animador em qualquer momento, seja na hora favorável, seja na difícil.

Um dos fatos dessa docilidade presenciado por vários deu-se na apresentação musical mencionada: O Monsenhor percebeu que os assistentes queriam ago que os orientasse em meio à desordem dos dias de hoje.

Monsenhor João Clá, EP

O narrado a seguir é o que ficou na memória, mas de modo tão marcante que jamais esquecerei.

* * *

Dizia o Mons. João Clá: Os que vieram aqui certamente se prepararam: procuraram saber o caminho a tomar, o horário a sair para não chegar atrasado,ver se o carro tinha combustível, que roupa colocar etc. Para tudo nós nos preparamos: para um exame vestibular, para uma entrevista de emprego, e até para coisas mais simples do dia a dia.

A vinda aqui, por exemplo. Não era certo que chegassem. Ou porque na hora de sair apareceu um imprevisto, ou porque o trânsito parou, ou um defeito súbito no motor fez o carro não seguir. Algo semelhante podia acontecer com muita outra coisa: um vestibular não feito por motivo de doença, a entrevista cancelada, assim por diante.

Santa Teresinha do Menino Jesus

Entretanto para a única coisa certa desta vida muitos não se prepararam. Esse algo que certissimamente acontecerá é… a morte. Deus, tão misericordioso e paternal em nos conceder graças para lhe sermos fiéis, retribuir o seu amor com amor nesta vida, nesta hora será nosso Juiz. Que contas prestaremos ao Divino Juiz?

Pensemos nisso.

* * *

As inspiradas palavras do Monsenhor repercutiram fundo nas almas. Ao final da música percebi que muitos, enquanto saboreavam o lanche servido estavam pensativos. Uma senhora conhecida comentava: “Era o que precisávamos ouvir, pois vamos despreocupados pela vida sem pensarmos nesta única coisa certa a acontecer: a morte. Foi uma bondade do Monsenhor tratar desse assunto”.

Juizo Final – Fra Angélico

Esta senhora tinha certa proximidade conosco e vi que sua vida mudou para melhor. Ficou mais alegre pois estava agora numa perspectiva que sabia verdadeira.

Do contrário, poderíamos deixar aqui um pedido: aquele que ache que não vai morrer, “levante a mão”.

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