Quem trata com crianças na primeira infância, pode a justo título impressionar-se pela exatidão de suas observações, e até perguntar-se como conseguiu alguém tão desprovido de experiência emitir juízos tão simples e acertados.
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Ao sair das mãos do Criador, toda criança recebe d’Ele um tesouro – a inocência– cuja retidão lhe faculta intuir a direção do caminho do Céu graças a três pistas distintas, irmanadas e imbricadas: o bem, a verdade e a beleza. O inocente percebe instintivamente que estes paralelos se tocam num horizonte infinito, onde encontram sua unidade naquele Deus sublime e escondido que é fonte e origem de toda perfeição.
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Esta intuição se robustece, pela comprovação diária, no contato com os outros e com a natureza: na medida em que uma coisa for boa, verdadeira e bela, será desejável; mas se tiver algo de mau, falso ou feio, participará de outro princípio, que não é Deus, tornando-se rejeitável.
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Ora, este “senso do ser”, ou instinto à busca do Absoluto, só é realmente íntegro na alma inocente, pois o pecado e suas consequências deformam a alma, fazendo-a ficar cada vez mais cega e surda para as realidades sobrenaturais. Assim, o homem perde aos poucos o rumo de como chegar até Deus…
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Precisamente para suprir esta falência, ele necessita da formação. Já que a inocência recebida pela criatura carece de força suficiente para subir até onde deve, o Soberano Senhor estabeleceu que, por meio de almas cheias de conhecimento, amor e generosidade, o Absoluto da Inocência se debruce do alto Céu, onde habita, sobre sua criatura extraviada, e a eleve ao ponto que teria atingido se tivesse conservado sua integridade original.
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Isto exige, contudo, que Deus disponha de instrumentos dóceis. Mais ainda: como os apóstolos da formação devem infundir nos outros algo que vem d’Ele, precisam ser de fato pessoas verdadeiramente inspiradas. Assim, vemos Deus agir sempre do mesmo modo, desde os tempos evangélicos até hoje: primeiro, escolhe alguns poucos e os forma, entregando-lhes de viva voz seus mais preciosos haveres; depois os encarrega de transmitir este legado às gerações posteriores.
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Em se tratando da inocência, da qual o mundo se encontra muito carente em nossos dias, Deus não agiu de modo diferente. Infundiu-a de modo supereminente num homem, e este formou seus muitos discípulos na escola da inocência. A eles incumbe, agora, a tarefa de distribuir com generosidade este tesouro a todos os que para eles estenderem as mãos.
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Este é o sentido da momentosa obra de Mons. João Clá Dias, EP, “O dom da sabedoria na mente, vida e obra de Plinio Corrêa de Oliveira”. (*) Nela o Autor mostra seu mestre não como algo pertencente ao passado, mas como semente de futuro, em franco processo de florescimento.
(*) Publicada conjuntamente pela Libreria Editrice Vaticana e Arautos do Evangelho. Para melhor conhecer a obra clique aqui )
(Adaptação do editorial da revista “Arautos do Evangelho”, nº 177, setembro de 2016, p. 5)