Em Colônia, famosa cidade alemã, mostra-se ainda hoje na Igreja de Santa Maria do Capitólio o local em que, segundo piedosa tradição, o Beato Hermano brincava com o Menino Jesus.
Muito inocente, Hermano não gostava das más brincadeiras dos outros meninos de sua idade, e preferia passar longos períodos nessa igreja contemplando uma imagem da Virgem com seu divino Filho nos braços. Continue lendo O menino que brincou com Jesus→
“Conheci pessoas tão pobres que só tinham dinheiro” dizia a Irmã Dulce, apelidada “o Anjo bom da Bahia”.
Para muita gente a frase parece contraditória. Mas a experiência — e a consciência — de incontáveis pessoas sente “na pele” que a frase é bem verdadeira. Dolorosamente verdadeira.
Quantas vezes uma palavra ou um sorriso amigo têm um efeito que muito dinheiro não dá. E ganham os dois: quem dá e quem recebe; quem recebe sente-se valorizado e quem dá tem a alegria de ver que tornou alguém feliz. E para isso não precisa dinheiro. Precisa um coração que ame a Deus no próximo.
Mas então, e as riquezas com as quais o próprio Deus ornou o mundo — ouro, pedras preciosas, cristais… — para que servem?
O texto a seguir, de autoria do “pobrezinho de Assis”, o doce São Francisco põe as coisas nos devidos lugares.
TENHAM COMO COISAS PRECIOSAS
Eu vos rogo, mais encarecidamente do que por mim mesmo, que quando for preciso e julgardes oportuno, humildemente supliqueis aos clérigos, que sobre todas as coisas honrem o Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e os escritos em que se encontram os seus santos nomes e suas santas palavras da consagração do seu Corpo. Os cálices, os corporais, os ornamentos do altar e tudo quanto pertence ao Sacrifício, tenham como coisas preciosas.
E se, nalguma parte, o Santíssimo Corpo do Senhor estiver com muita pobreza abandonado, que eles, como manda a Igreja, o coloquem em lugar precioso e bem guardado, com grande veneração o trasladem e com discrição o administrem aos outros. E também aos escritos com os nomes e palavras do Senhor, onde quer que os encontrem em lugares impróprios, os recolham e coloquem em lugares decentes.
E em todas as pregações que fazeis, exortai o povo à penitência e lembrai que ninguém se pode salvar sem receber o Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor (Jo 6, 54). E quando o sacerdote sacrifica no altar eleva a qualquer parte o Corpo do Senhor, todos, de joelhos, rendam louvores, glória e honra ao Senhor Deus vivo e verdadeiro. E sobre o louvor que lhe é devido, anunciai a todas as gentes e pregai que, a toda a hora e quando tocam os sinos, sempre, todo o povo, por toda a Terra, preste homenagem e ação de graças ao Deus todo-poderoso.
São Francisco de Assis. Da primeira carta aos custódios
(Compartilhado da revista “Arautos do Evangelho”, nº 178, outubro de 2016, p. 5. Para acessar a revista Arautos do Evangelho do corrente mês clique aqui )
Ilustrações: Arautos do Evangelho, Gustavo Krajl, wiki
“Eu sei Jesus que amor com amor se paga” costumava dizer Santa Teresinha do Menino Jesus.
Séculos antes, uma outra Teresa, tomada do mesmo amor por Jesus Eucarístico dava tais mostras sinceras desse amor que Júlio II, Papa da época, a chamou “a louca do Santíssimo Sacramento”.
Fala-se muito — e com razão — da fome material de que muitos padecem por razões as mais diversas: injustiças, imprevidências, vícios, preguiça etc.
O que diríamos, porém, de um faminto que tivesse à sua disposição os melhores e mais substanciosos alimentos e continuasse faminto por não os querer comer? Continue lendo Famintos de quê?→
Ao entrar na capela do Mosteiro da Luz, em São Paulo, tem-se a impressão de estar a quilômetros de distância da agitada avenida em frente. O ambiente, de uma recolhida sacralidade, parece ter algo incomum. E realmente o tem: algumas pessoas rezam piedosamente em torno de uma lápide, sob a qual repousam os restos mortais do primeiro santo brasileiro, Santo Antônio de Santana Galvão. Continue lendo Tinha sua alma nas mãos→
— Nas tentações, combata com coragem. Nas quedas, humilhe-se, mas não desanime.
— O Santo Rosário é a arma daqueles que querem vencer todas as batalhas.
— Aquele que procura a vaidade das roupas não conseguirá jamais se revestir com a vida de Jesus Cristo.
— Você dirá o mais belo dos credos quando houver noite em seu redor, na hora do sacrifício, na dor, no supremo esforço duma vontade inquebrantável para o bem. Este credo é como um relâmpago que rasga a escuridão de seu espírito e no seu brilho o eleva a Deus.
— O passado não conta mais para o Senhor. O que conta é o presente e estar atento e pronto para reparar o que foi feito.
— Temos muita facilidade para pedir, mas não para agradecer.
— Deus sempre nos dá o que é melhor para nós.
— Lembre-se de que os santos foram sempre criticados pelas pessoas deste mundo.
É frequente ouvirmos, a esse ou aquele propósito, a expressão “Tudo de mais é sobra”. Há, porém, certas coisas que, mesmo sendo “demais” não são “sobra”.
Só em enunciar isso, já ocorrerá ao caro internauta certas coisas que não são “sobra”, mesmo sendo “demais”: amor a Deus, paz de alma — e no mundo —, entre muitas outras.
Vejamos algo que, mesmo quando for “demais”, nunca sobrará.
Um bravo General participava de um jantar e ficara de costas para a lareira. Em certo momento reclamou do calor excessivo. O anfitrião replicou:
— Mas um General tem que estar acostumado a enfrentar o fogo.
— Sim, mas não deve enfrenta-lo de costas!
Normalmente somos levados a julgar muitas coisas pela sua simples aparência física. Temos certa razão, mas não se pode tomar algo meramente natural como critério de bondade, sobretudo de bondade sobrenatural, ou seja, de virtude ou santidade. Quantas vezes uma fisionomia agradável, simpática mesmo — ao menos à primeira vista — esconde um mau caráter, um mau gênio.
O contrário também é verdadeiro: uma fisionomia feia pode ser de uma bela e virtuosa alma.
Um exemplo real nos ajudará a ver bem esse problema.
É bem verdade que uma alma virtuosa tende a conformar o corpo, especialmente a fisionomia. Mas Deus pode por exceções a essa regra, no intuito de vermos a superioridade do espírito sobre a matéria, da graça sobre a natureza.
É o caso de Santa Joana de Valois, princesa, filha, irmã e esposa de reis.
Joana, segunda filha do rei Luís XI, veio ao mundo com feiura de rosto, sardenta e deformada de corpo. A tal ponto que o rei, seu pai mandou-a, ainda recém-nascida, morar bem longe da corte, sob os cuidados de monjas.
Joana, entretanto, foi ali educada num ambiente de serenidade e benquerença. As monjas viam nela, com em todos nós, uma alma remida pelo Sangue infinitamente precioso de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por esta razão, dispensavam-lhe todo afeto e desvelo; mais ainda: davam-lhe uma esmerada formação, tanto humana como religiosa. Educada assim, as virtudes desabrocharam precocemente em sua alma.
Joana, bem educada e instruída na religião, logo ao despertar da razão consagrou-se a Deus e a Nossa Senhora. A par de sua instrução e progresso na virtude, foi educada como aquilo que era: uma princesa real. A Providência divina incentivava assim, ao lado da santidade uma verdadeira princesa, que veio a ser… Rainha.
Aos 12 anos — as coisas eram precoces naquela época — o pai a fez contrair matrimônio com um contra-parente, futuro herdeiro do trono e que veio a ser, de fato, Rei da França.
No período anterior à sua ascensão ao trono, o esposo a humilhava frequentemente em público e dizia para quem quisesse ouvir, que a odiava. Apesar disso, pelo fato do esposo ter sido preso e condenado à morte por promover uma revolta contra o Rei, Joana defendeu-o valorosamente no julgamento.
Enquanto aguardava a execução, o Rei morreu e o esposo passou a ser o novo Rei. Consequentemente, Joana passou a ser a Rainha.
Como “agradecimento” pelo devotamento de Joana como esposa, com quem nunca conviveu (só estiveram juntos na cerimônia de casamento), obteve a declaração de nulidade do matrimônio e, jeitosamente, exilou-a, dando-lhe o Ducado de Berry.
Joana, agora Duquesa de Berry, foi exímia no governo e promoção do bem estar dos súditos, e amparo dos pobres. O ducado de Berry era soberano, tendo ela dito: “a Providência assim o permitiu, para que eu fizesse algum bem às almas. E agora, sem estar sujeita a homem nenhum, posso fazer o bem plenamente”.
Um dos bens que Joana fez à França e à Igreja foi fundar uma ordem religiosa, a Ordem da Anunciação, na qual, logo que deixou bem encaminhado os negócios do ducado, fez-se admitir, trocando as vestes de duquesa pelo simples hábito religioso, pois tornara-se esposa de Cristo, Rei dos Reis.
Depois de curto noviciado, pronunciou os votos perpétuos e passou a levar uma vida de oração, e caridade. Muitos de seus contemporâneos a tinham como santa já em vida.
Uma das principais intenções de suas orações e penitências era pelo seu pai, seu irmão e seu esposo.
Faleceu aos 40 anos, foi beatificada em 1742 e canonizada pelo Papa Pio XII, em 1950.
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Como diz bem um escritor (*) “é preciso dar graças a Deus de que, pelo menos no campo da santidade, não se cometa a injustiça da supervalorização da beleza física; e de que ao menos Ele, não liga para corpos desajeitados, mas sim para almas luminosas”.
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(*) José M. Descalzo em sua obra “Razões de viver”.