Misericórdia

No início de século XVIII, o grande Santo, São Luís Maria Grignion de Montfort, face os desatinos — já naquela época— em sua “Oração abrasada”, assim se dirigia a Deus:
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[Senhor Deus] é tempo de cumprir o que prometestes. Vossa divina fé é transgredida; Vosso Evangelho desprezado; abandonada Vossa religião; torrentes de iniquidade inundam toda a terra, e arrastam até os Vossos servos; a terra toda está desolada; a impiedade está sobre um trono, Vosso santuário é profanado, e a abominação entrou até no lugar santo. E assim deixareis tudo ao abandono?

(São Luís Grignion de Montfort, Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, Ed. Vozes, Petrópolis, 47ª edição, 1ª reimpressão, 2018, p. 182)

 O que diria São Luís Grignion em nossos dias?

Cremos que todos gostariam de ver o que Dr. Plinio Corrêa de Oliveira diz sobre isso. Vejamos no vídeo a seguir.

Ilustração: Arautos do Evangelho

O CORAÇÃO QUE NOS AMOU ATÉ O FIM

………… Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

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Ao considerar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, corremos o risco de ficar muito aquém do tesouro de bondade e misericórdia que essa forma de piedade coloca à disposição dos fiéis. Porque o Coração de Jesus é o tabernáculo mais autêntico e substancial das três Pessoas da Santíssima Trindade e, em consequência, não há melhor meio de adorar o Pai, o Filho e o Espírito Santo do que através d’Ele.

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QUE DESCOBERTA!

Um amigo, recém chegado de viagem de trabalho à Europa, contou-me algo curioso ocorrido durante o voo. Era uma vigem de quase dez horas, dessas viagens — mesmo de avião — que parecem não terminar mais. As conversas há muito tinham cessado: não havia mais assuntos. Uns dormitavam, outros deixavam o pensamento divagar. São desses poucos momentos permitidos pelo corre-corre moderno para quem queira tirar bom proveito. Foi o que fez meu amigo.

Enquanto punha em ordem as impressões e planos, sua atenção foi despertada pelo titulo do artigo na revista da poltrona vazia ao lado.

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Almas que têm medo de Jesus

Em nosso dia a dia é comum encontrarmos pessoas que quereriam ser melhores mas que cometem faltas, às vezes frequentes. Muitas destas almas sentem o peso de suas faltas e acham que, se procurarem o perdão, não o obterão. Veem o contraste entre a infinita santidade e pureza de Deus e a sua situação de pecado.

O texto transcrito a seguir, de autoria do Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, fundador e Superior dos Arautos do Evangelho, deixa claro o que devem pensar estas almas ainda abertas a corrigir-se mas que receiam aproximar-se de Deus três vezes Santo.

Jesus veio para perdoar

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Os Evangelhos são o testamento da Misericórdia. O anúncio do maior ato de bondade havido em toda a obra da criação — a Encarnação do Verbo — é o frontispício, a bela abertura de sua narração. A chave de ouro com a qual esta termina deixa-nos sem saber se ainda não é mais bela e comovedora: a crucifixão e morte de Cristo Jesus para restabelecer a harmonia entre Deus e a humanidade.

A Bondade divina une substanciosamente esses dois extremos, a Gruta de Belém e o Calvário, através de uma sequência riquíssima em acontecimentos escachoantes de amor pelos miseráveis: “Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19, 10). Essa alegria de Jesus em perdoar transparece nas doutrinas, conselhos e até mesmo nas parábolas por Ele elaboradas a fim de que seus ouvintes melhor entendessem sua misericórdia, como, por exemplo, a do filho pródigo (Lc 15, 11-32), a da ovelha desgarrada (Lc 15, 4-7) e a da dracma perdida (Lc 15, 8-10). A euforia de quem encontra, em qualquer dos três casos, reflete o contentamento do próprio Cristo ao promover o retorno de uma alma às vias da graça.

Jesus perdoa a mulher adúltera

Ele é o Bom Pastor que ao apanhar a ovelha imprudentemente destacada do rebanho, a reconduz ao redil, a fim de infundir-lhe nova vida de maneira superabundante. E Ele a leva sobre seus próprios ombros, enquanto os Céus se enchem de um júbilo ainda maior do que o causado pela perseverança dos justos (cf. Jo 10, 11-16; Lc 15, 4-7).

Dentro dessa atmosfera de amor, jamais vimos Jesus, ao longo de sua vida pública, tomar a menor atitude depreciativa em relação a quem quer que fosse: samaritanos, centurião, cananéia, publicanos, etc. A todos invariavelmente atendia com divina atenção e carinho: “Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29).

Nenhuma pessoa d’Ele se aproximou em busca de uma cura, perdão ou consolo, sem ser plenamente atendida. Tal foi seu infinito empenho em fazer o bem, sobretudo aos mais necessitados: “Não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mc 2, 17); “o Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu; e enviou-Me (…) para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4, 18-19). O próprio Apóstolo dirá mais tarde: “Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o primeiro” (1 Tm 1, 15).

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(Trecho de “A Lei ou a Bondade?”, in Revista Arautos do Evangelho, nº 63, março de 2007, p.10-12. O conjunto dos comentários do Mons. João Scognamiglio Clá Dias estão publicados em “O inédito sobre os Evangelhos”, Libreria Editrice Vaticana, 2013.)

Divina sagacidade

Por vezes, ao ler ou ouvir o Evangelho, nossa atenção é atraída para um determinado ponto enquanto outros podem passar despercebidos ou quase tanto.

Um trecho do Evangelho da liturgia de poucos dias atrás presta-se muito para apalparmos esse fenômeno.

Trata-se da narração da cura do paralítico que foi descido pelo telhado (Mc 2, 1-12). Neste trecho vários pontos podem nos ter passado despercebidos. Analisemos um deles.

Pelo fato de Jesus ser o nosso Redentor, a muito justo título considera-se sua misericórdia, bondade e desejo de perdoar, ficando-se com a ideia errônea de que Ele não tinha o lado de repulsa ao mal, de sagacidade, etc.

Jesus e a adultera – Catedral de Ávila

Vários trechos do Evangelho falam claramente de inimigos de Jesus. Para aludir a um fato recente na liturgia, a Sagrada Família teve que fugir para o Egito pois, apenas nascido, já procuravam Jesus para matá-lO. Durante sua pregação, os evangelistas mencionam várias vezes que entre os ouvintes de Jesus estavam os fariseus e mestres da Lei procurando lançar-lhe armadilhas para justificar uma medida severa e, se possível, a morte. A armadilha no caso da mulher adúltera (Jo 8, 3-11) é típico disso. Depois do milagre retumbante da ressurreição de Lázaro querem matá-lO ( Jo 11, 50).

No caso do Evangelho referido inicialmente, vemos claramente que Jesus sabia estar rodeado de inimigos. Por isso usa de uma divina sagacidade: primeiro diz ao paralítico “Filho, os teus pecados estão perdoados”. Dito que provoca a ira dos mestres da Lei pois “só Deus pode perdoar os pecados”.

Jesus ressuscita Lázaro

Só depois deles formularem entre si esta objeção Jesus prossegue: “Por que pensais assim em vossos corações?” E dá a prova de que é Deus e pode perdoar os pecados: “ O que é mais fácil, dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados estão perdoados’ ou dizer ‘Levanta-te, pega a tua cama e anda’? Para que saibais que o Filho do homem tem, na terra, poder de perdoar pecados — disse Ele ao paralítico — Eu te ordeno: levanta-te, pega a tua cama e vai para tua casa”.

Para vermos a divina sagacidade de Jesus, invertamos a sequência dos fatos: Ele curaria primeiro e depois diria que perdoava os pecados. Não teria o mesmo efeito de calar os inimigos.

Jesus pede de todos nós bondade, misericórdia, mas quer também que tenhamos sagacidade na defesa do bem e da virtude. Quando Ele fala sobre as qualidades dos discípulos, refere-se à astúcia da serpente ao lado da simplicidade da pomba (Mt 10, 16).

Ela entendeu

Nosso povo, intuitivo como é, cunhou a expressão pitoresca “Falou e disse”. E a usa muito adequadamente para qualificar quem, ao falar algo, transmite uma mensagem, ou seja “diz” algo que vale a pena ter ouvido.

Em sentido parecido, ainda está para se cunhar uma expressão que signifique “ouviu e entendeu”. A não ser assim — e usando outra expressão consagrada — “entra por um ouvido e sai pelo outro”.

Veja este exemplo de alguém que ouviu e entendeu.

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