Nosso Brasil foi dotado pela Providência de incontáveis belezas naturais que fazem o maravilhamento de quantos nos visitam. Mas, o Divino Criador tem em Si infinitas belezas. Por mais que sua dadivosidade tenha ornado nossa Pátria — e outros países tropicais — com as belezas próprias a estas latitudes, colocou Ele diferentes e incontáveis belezas em outras áreas da Terra.
Vejamos uma dessas belezas a que estamos pouco acostumados e, quiçá, nunca as tenhamos contemplado.
Ir. Allana Neves Colati, EP
Dentre as distintas paisagens criadas por Deus e espalhadas pelo mundo, há algumas que nos enchem de admiração. Como não se encantar com as águas, ora azuis, ora verdes, dos mares tropicais? Ou com o níveo manto que recobre as regiões mais frias do planeta? Mas quiçá seja o outono nos bosques do Hemisfério Norte um dos mais extraordinários espetáculos que a natureza nos pode oferecer.
Nesta estação do ano, a temperatura começa a descer, tornando o bosque mais calmo e silencioso. Aproxima-se o inverno, sempre rigoroso naquelas regiões, mas, paradoxalmente, a fascinante coloração que tomam as folhas das árvores nesta época reveste a paisagem com um manto de vitalidade.
Elas têm diferentes formatos, tamanhos e tonalidades: algumas suavemente rosadas, outras, intensamente rubras ou resplandecentes como ouro. E compõem um lindo conjunto, que adquire cores muito variadas segundo o local, a perspectiva ou a iluminação do dia.
Tão maravilhosa cena, porém, não dura muito… Logo as folhas que irradiavam aquele glorioso esplendor são levadas ao léu por uma súbita rajada de vento ou secam e caem, para depois — como tudo na vida — desaparecerem.
Se no auge de sua magnificência uma dessas árvores, carregada de estupenda folhagem, fosse capaz de pensar, ao sentir uma brisa intensa e rápida a sacudir-lhe os ramos, poderia se perguntar:
— Será sinal da tempestade que se aproxima?
O vento frio, ainda suave, indica que a frágil vida das formosas folhinhas outonais está chegando ao fim… Em pouco tempo ele se transforma em uma forte ventania, que agita a árvore, sem interrupção, durante vários minutos.
Inicia-se, então, a segunda etapa do espetáculo, que já não tem mais por cenário as alturas admiráveis dos galhos, mas o prosaico solo. Ali aquelas folhas de feéricas cores, desligadas do tronco que as alimentava e as mantinha com vida, ornam nobremente a grama, compondo sobre ela um tapete de singular colorido. Dir-se-ia que elas aproveitam seus últimos haustos de vida para concluir a missão que Deus lhes dera: irradiar, no fim de sua existência, uma forma de beleza quase paradisíaca que, sob certo aspecto, supera à da primavera.
.
(*) Transcrito da revista “Arautos do Evangelho”, nº 160, abril de 2005, p, 50. Para acessar o exemplar do corrente mês clique aqui )
Ilustrações: Arautos do Evangelho, Gustavo Krajl