Fazer um esquilo?

O Mons. João Clá, EP, fundador dos Arautos do Evangelho usa imagens inesperadas para explicar as coisas mais profundas. Não é sem razão que sua mais recente obra, publicada pela Libreria Editrice Vaticana, “O inédito dos Evangelhos”, tem esse título.

Por que pertencemos a Deus? Por que lhe devemos obediência? Por que devemos prestar-Lhe culto?

Essas e outras perguntas ficam respondidas no texto a seguir, de autoria do Mons. João Clá.

PERTENCEMOS A CRISTO POR NATUREZA E POR CONQUISTA

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Se algum de nós obtivesse poder para tirar do nada um esquilo, consideraria, com toda justiça, esse ser vivo inteiramente seu, pois, se não fosse pela sua ação criadora, o animal jamais teria começado a existir. Julgar-se-ia, portanto, com toda liberdade para mandá-lo subir no seu ombro, levá-lo para brincar no jardim, ou até trancá-lo numa gaiola, caso quisesse fugir. E se, em lugar de possuir uma mera natureza irracional, o animalzinho tivesse a capacidade de pensar, deveria tributar uma gratidão sem limites a quem lhe deu a vida.

Tendo sido tirados do nada pelo Criador, Ele Se tornou credor de nosso reconhecimento como Senhor pleno e absoluto. “Se Deus é todo-poderoso ‘no Céu e na Terra’ (Sl 135, 6), é porque os fez. Por isso, nada Lhe é impossível, e Ele dispõe à vontade de sua obra; Ele é o Senhor do universo”, ⁽¹⁾ ensina o Catecismo da Igreja Católica. E São Luís Maria Grignion de Montfort, o célebre Santo da devoção mariana, afirma: “Por natureza, todas as criaturas são escravas de Deus”. ⁽²⁾ Ora, não somos esquilos, nem plantas, nem minerais, mas criaturas racionais que, pelo pecado original, haviam perdido a possibilidade de herdar o Reino Celeste e de gozar eternamente do convívio com as três Pessoas da Santíssima Trindade.

Cristo Rei – Palermo – Itália

Para reparar tal perda, o Verbo Se fez carne, morreu crucificado e ressuscitou. Esse incomensurável ato de amor abriu-nos as portas do Céu e restabeleceu, através do Batismo e da graça, o gênero de relacionamento havido no Paraíso com o Criador. Em consequência, Cristo passou a ser Senhor do universo também por direito de conquista. “Pertencemos Àquele que nos redimiu, Àquele que por nós venceu o mundo, não com armas de guerra, mas com a irrisão da Cruz”, ⁽³⁾ afirma Santo Agostinho. E São Luís Grignion acrescenta: “Não nos pertencemos a nós, como diz o Apóstolo (cf. I Cor 6, 19; 12, 27), e sim a Ele, inteiramente, como seus membros e seus escravos, comprados que fomos por um preço infinitamente caro, o preço de seu Sangue.

Antes do Batismo o demônio nos possuía como escravos, e o Batismo nos transformou em verdadeiros escravos de Jesus Cristo; e só devemos viver, trabalhar e morrer para produzir frutos para este Homem-Deus, glorificá-Lo em nosso corpo e fazê-Lo reinar em nossa alma, pois somos sua conquista, seu povo adquirido, sua herança (cf. Rm 7, 4; I Pd 2, 9)”. ⁽⁴⁾

Cristo Redentor (Corcovado) Bela afirmação da realeza de Jesus sobre o Brasil

Assim, por sua Morte e Ressurreição, tornou-Se o Verbo Encarnado Senhor por excelência de todos os homens, tanto no tocante à sua natureza divina quanto à humana. Enquanto Deus, Cristo tem direito sobre todos os seres criados, não apenas por tê-los tirado do nada, como também por sustentá-los na existência a cada instante, conforme canta o salmista: “Se desviais o rosto, eles se perturbam; se lhes retirais o sopro, expiram e voltam ao pó de onde saíram” (Sl 103, 29).

Ao nos redimir, essa relação de servidão entre a criatura e o Criador estendeu-se também à sua humanidade divina, pois “a Ascensão de Cristo ao Céu significa sua participação, em sua humanidade, no poder e na autoridade do próprio Deus. Jesus Cristo é Senhor: possui todo poder nos Céus e na Terra”. ⁽⁵⁾

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⁽¹⁾ CCE 269.
⁽²⁾ SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Traité de la vraie dévotion à la Sainte Vierge, n.70. In: OEuvres Complètes. Paris: Du Seuil, 1966, p.531.
⁽³⁾ SANTO AGOSTINHO. Enarratio in psalmum LXII, n.20. In: Obras. Madrid: BAC, 1965, v.XX, p.590.
⁽⁴⁾ SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT, op. cit., n.68, p.530.
⁽⁵⁾ CCE 668.

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Texto: Mons. João Scognamiglio Clá Dias, “O inédito dos Evangelhos”, Libreria Editrice Vaticana, 2013, Vol. II, pp.115-117.

Bom começo

O Colégio Arautos do Evangelho em Curitiba teve estas primeiras semanas bem promissoras.

Tanto os alunos, seus pais, como nós somos gratos pelo ensino ministrado pelo corpo docente sob a coordenação da Profª Heloísa Alves Passarella. As aulas deste início de ano letivo prometem muito, sobretudo se os alunos demonstrarem o mesmo empenho que tiveram no ano passado… ou mais.

No início da terceira semana de aulas houve a primeira reunião dos pais e professores visando garantir a boa continuidade do que já foi feito. Os pais demonstraram contentamento pelo que foi decidido após um amigável debate.

Os alunos prepararam uma peça teatral-surpresa para os pais: “O mundo de hoje”. E saíram-se muito bem.

Logo a seguir o Pe. Antônio Guerra, EP, provincial dos Arautos para a região Sudeste, celebrou para todos, a Missa acompanhada pelo Coral.

Neste ano, em várias outras cidades foram abertos Colégios Arautos do Evangelho, e pelas noticias que nos chegam, dão idênticas esperanças as dos Colégios já existentes anteriormente.

Autenticidade, fundamento do apostolado

Qual o “segredo” pelo qual alguns têm fruto no apostolado que fazem e outros não têm?

O “segredo” é revelado pelo Mons. João Clá, EP, fundador dos Arautos do Evangelho, no texto que damos a seguir (*).

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SE QUEREMOS SER SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO, TEMOS QUE SER ÍNTEGROS

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

O Evangelho expressa com muita clareza a obrigação de cuidarmos de nossa vida espiritual não só pelo desejo da salvação pessoal. Sem dúvida, é mister abraçar a perfeição para contemplar o Criador face a face por toda a eternidade no Céu, o mais precioso dom que possamos obter; e precisamos ser virtuosos, porque o exige a glória de Deus, para tal fomos criados e disso prestaremos contas.

Entretanto, Nosso Senhor nos quer santos também com vistas a sermos sal e luz para o mundo!

Enquanto sal, devemos empenhar-nos em fazer bem aos demais, pois temos a responsabilidade de lhes tornar a vida aprazível, sustentando-os na fé e no propósito de honrar a Deus. São eles credores de nosso apoio colateral, como membros do Corpo Místico de Cristo.

E seremos luz na medida em que nos santificarmos. Deste modo, nossa diligência, aplicação e zelo no cumprimento dos Mandamentos servirá ao próximo de referência, de orientação pelo exemplo, fazendo com que ele se beneficie das graças que recebemos.

Assim, seremos acolhidos por Nosso Senhor, no dia do Juízo, com estas consoladoras palavras: “Em verdade Eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a Mim mesmo que o fizestes!” (Mt 25, 40).

Pelo contrário, se sou orgulhoso, egoísta ou vaidoso, se somente me preocupo em chamar a atenção sobre mim, significa que me converti num sal insosso que já não salga mais, e privo os outros de meu amparo; se sou preguiçoso, significa que apaguei a luz de Deus em minha alma e já não proporciono a iluminação que muitas pessoas necessitam para ver com clareza o caminho a seguir. E devo me preparar para ouvir a terrível condenação de Jesus: “Em verdade Eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer” (Mt 25, 45).

Em última análise, tanto o sal que não salga quanto a luz que não ilumina são o fruto da falta de integridade. O discípulo, para ser sal e para ser luz, deve ser um reflexo fiel do Absoluto, que é Deus, e, portanto, nunca ceder ao relativismo, vivendo na incoerência de ser chamado a representar a verdade e fazê-lo de forma ambígua e vacilante.

Nossa Senhora Auxiliadora

Procedendo desta maneira, nosso testemunho de nada vale e nos tornamos sal que só serve “para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”. Quem convence é o discípulo íntegro que reflete em sua vida a luz trazida pelo Salvador dos homens.

Peçamos, pois, à Auxiliadora dos Cristãos que faça de cada um de nós verdadeiras tochas que ardem na autêntica caridade e iluminam para levar a luz de Cristo até os confins da Terra.

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(*) Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, “O inédito sobre os Evangelhos”, Libreria Editrice Vaticana, 2013, vol. II, p. 65-67.

Pais e filhos na escalada

Objetivo: escalar o Morro do Canal, um dos pontos apreciados da Serra do Mar. Feitos os convites aos jovens que frequentam a casa dos Arautos do Evangelho em Curitiba, houve um “protesto” dos pais: eles também queriam ir!!

Em nossa “base de operações” o Pe. Ryan Murphy, EP rezou conosco para que Nossa Senhora fizesse tudo correr da melhor forma possível. Despedimo-nos e partimos para vencer os 1.359 metros de subida que nos aguardavam.

Foi uma experiência marcante a solidariedade e mútua ajuda entre pais e filhos. Os pais não se limitavam a ajudar os seus filhos, mas quando necessário auxiliavam e orientavam outros jovens.

Nessa região a Serra do Mar tem uma característica curiosa: ao divisarmos o topo de uma ondulação, pensa-se já ser o ponto final; mas não é: outra subida nos aguarda.

Por fim, para alegria geral chegamos realmente ao topo. Ali nos esperava um panorama magnífico: aos pés da Serra se estendia a planície costeira e… o mar!

Apesar de estarmos a muitos quilômetros de distância (quase 100, segundo nos disseram), estávamos a 1.359 metros de altura, sem nenhum obstáculo pela frente. No dia de céu límpido via-se claramente a água azulada e a linha do horizonte.

Contornamos algumas formações rochosas, escalamos outras e voltamos. Lá em baixo nos aguardava um suculento almoço preparado pelas mães. Os pratos tinham um tempero especial, de que todos gostam: carinho.

Pais e filhos comentavam com as mães algumas peripécias da escalada em meio a uma efusiva alegria.

Mas, tudo termina… O Pe Ryan rezou agradecendo a proteção de Nossa Senhora e voltamos a Curitiba, na esperança de, logo que possível, repetirmos um dia assim.

Almas que têm medo de Jesus

Em nosso dia a dia é comum encontrarmos pessoas que quereriam ser melhores mas que cometem faltas, às vezes frequentes. Muitas destas almas sentem o peso de suas faltas e acham que, se procurarem o perdão, não o obterão. Veem o contraste entre a infinita santidade e pureza de Deus e a sua situação de pecado.

O texto transcrito a seguir, de autoria do Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, fundador e Superior dos Arautos do Evangelho, deixa claro o que devem pensar estas almas ainda abertas a corrigir-se mas que receiam aproximar-se de Deus três vezes Santo.

Jesus veio para perdoar

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Os Evangelhos são o testamento da Misericórdia. O anúncio do maior ato de bondade havido em toda a obra da criação — a Encarnação do Verbo — é o frontispício, a bela abertura de sua narração. A chave de ouro com a qual esta termina deixa-nos sem saber se ainda não é mais bela e comovedora: a crucifixão e morte de Cristo Jesus para restabelecer a harmonia entre Deus e a humanidade.

A Bondade divina une substanciosamente esses dois extremos, a Gruta de Belém e o Calvário, através de uma sequência riquíssima em acontecimentos escachoantes de amor pelos miseráveis: “Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19, 10). Essa alegria de Jesus em perdoar transparece nas doutrinas, conselhos e até mesmo nas parábolas por Ele elaboradas a fim de que seus ouvintes melhor entendessem sua misericórdia, como, por exemplo, a do filho pródigo (Lc 15, 11-32), a da ovelha desgarrada (Lc 15, 4-7) e a da dracma perdida (Lc 15, 8-10). A euforia de quem encontra, em qualquer dos três casos, reflete o contentamento do próprio Cristo ao promover o retorno de uma alma às vias da graça.

Jesus perdoa a mulher adúltera

Ele é o Bom Pastor que ao apanhar a ovelha imprudentemente destacada do rebanho, a reconduz ao redil, a fim de infundir-lhe nova vida de maneira superabundante. E Ele a leva sobre seus próprios ombros, enquanto os Céus se enchem de um júbilo ainda maior do que o causado pela perseverança dos justos (cf. Jo 10, 11-16; Lc 15, 4-7).

Dentro dessa atmosfera de amor, jamais vimos Jesus, ao longo de sua vida pública, tomar a menor atitude depreciativa em relação a quem quer que fosse: samaritanos, centurião, cananéia, publicanos, etc. A todos invariavelmente atendia com divina atenção e carinho: “Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29).

Nenhuma pessoa d’Ele se aproximou em busca de uma cura, perdão ou consolo, sem ser plenamente atendida. Tal foi seu infinito empenho em fazer o bem, sobretudo aos mais necessitados: “Não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mc 2, 17); “o Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu; e enviou-Me (…) para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4, 18-19). O próprio Apóstolo dirá mais tarde: “Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o primeiro” (1 Tm 1, 15).

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(Trecho de “A Lei ou a Bondade?”, in Revista Arautos do Evangelho, nº 63, março de 2007, p.10-12. O conjunto dos comentários do Mons. João Scognamiglio Clá Dias estão publicados em “O inédito sobre os Evangelhos”, Libreria Editrice Vaticana, 2013.)

Mudança de padrões

Em post anterior (Divina sagacidade) vimos como Jesus escolheu um local estratégico para sua pregação. Vejamos agora a ocasião propícia escolhida pelo Divino Mestre para apresentar a síntese dos seus ensinamentos no Sermão da Montanha.

Para tal, são muito apropriadas as considerações do Mons. João Clá, EP, fundador e Superior dos Arautos do Evangelho na introdução de seus comentários ao Sermão da Montanha, em recente publicação da Libreria Editrice Vaticana. ⁽¹⁾

JESUS PROCLAMA UMA DOUTRINA INOVADORA

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Vários meses haviam transcorrido desde o início da vida pública de Jesus. Encontrava-se Ele agora nas redondezas de Cafarnaum, junto ao Mar de Tiberíades, aonde tinham ido para ouvi-Lo e serem curadas “pessoas de toda a Judeia, e de Jerusalém, e do litoral de Tiro e Sidônia” (Lc 6, 17).

Acabava Jesus de escolher doze dentre seus discípulos, aos quais dera o nome de Apóstolos (cf. Lc 6, 13-16), preparando assim a fundação da sua Igreja. Era essa a ocasião propícia para apresentar de público uma suma dos ensinamentos que a Esposa de Cristo, ao longo dos séculos, haverá de guardar, defender e anunciar a todos os povos. É o que Nosso Senhor vai fazer no Sermão da Montanha, verdadeira síntese do Evangelho e píncaro da perfeição da Nova Lei. Servem-lhe de exórdio as oito bem-aventuranças, como portal magnífico de um palácio incomparável.

Neste sermão o Messias, “a título de fundador e legislador da Nova Aliança, declara a seus súditos o que lhes pede e o que deles espera, se querem servi-Lo com fidelidade”. ⁽²⁾

Violenta ruptura com antigos costumes e preconceitos

Difícil nos é hoje, após dois milênios, compreender a novidade radical contida nessas palavras do Divino Mestre. Trouxeram elas para o mundo uma suavidade nas relações dos homens entre si, e destes com Deus, desconhecida no Antigo Testamento e, a fortiori, pelas religiões dos povos pagãos.

Com efeito, as palavras de Nosso Senhor vão provocar uma completa transformação dos costumes da época, marcados pelo egoísmo, pela dureza de trato e até mesmo pela crueldade. Elas são próprias a determinar também uma violenta ruptura com “os preconceitos dos contemporâneos de Jesus sobre o reino messiânico e o próprio Messias — já que esperavam um Messias forte e poderoso na ordem temporal, formidável guerreiro que deveria subjugar as nações e colocá-las sob a férula de Judá, tendo Jerusalém como capital gloriosa”. ⁽³⁾

Lago de Genezaré- Ao fundo o monte das Bem Aveturanças

A felicidade não está no pecado

Afirma o eloquente Bossuet: “Se o Sermão da Montanha é o resumo de toda a doutrina cristã, as oito bem-aventuranças são o resumo do Sermão da Montanha”. ⁽⁴⁾ Elas sintetizam, de fato, todos os ensinamentos morais dados pelo Redentor ao mundo e estabelecem os princípios de relacionamento prevalentes em seu Reino.

Ao praticá-las, o homem encontra a verdadeira felicidade que busca sem cessar nesta vida e jamais poderá encontrar no pecado. Pois, quem viola a lei de Deus no afã de satisfazer suas paixões desordenadas afunda cada vez mais no vício até se tornar insaciável. “Todo aquele que comete o pecado é escravo do pecado” (Jo 8, 34), adverte Jesus.

As almas puras e inocentes, ao contrário, desfrutam já nesta Terra de uma extraordinária alegria de alma, mesmo no meio de sofrimentos ou provações.

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⁽¹⁾ Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, O inédito sobre os Evangelhos, Libreria Editrice Vaticana, 2013, vol. II, p. 39-42.

⁽²⁾ FILLION, Louis-Claude. Vida de Nuestro Señor Jesucristo.Vida pública. Madrid: Rialp, 2000, v.II, p.94.

⁽³⁾ GOMÁ Y TOMÁS, Isidro. El Evangelio Explicado. Barcelona: Casulleras, 1930, v.II, p.158.

⁽⁴⁾ BOSSUET. Meditations sur l’Évangile. Versailles: Lebel, 1821, p.4.

Divina sagacidade

Por vezes, ao ler ou ouvir o Evangelho, nossa atenção é atraída para um determinado ponto enquanto outros podem passar despercebidos ou quase tanto.

Um trecho do Evangelho da liturgia de poucos dias atrás presta-se muito para apalparmos esse fenômeno.

Trata-se da narração da cura do paralítico que foi descido pelo telhado (Mc 2, 1-12). Neste trecho vários pontos podem nos ter passado despercebidos. Analisemos um deles.

Pelo fato de Jesus ser o nosso Redentor, a muito justo título considera-se sua misericórdia, bondade e desejo de perdoar, ficando-se com a ideia errônea de que Ele não tinha o lado de repulsa ao mal, de sagacidade, etc.

Jesus e a adultera – Catedral de Ávila

Vários trechos do Evangelho falam claramente de inimigos de Jesus. Para aludir a um fato recente na liturgia, a Sagrada Família teve que fugir para o Egito pois, apenas nascido, já procuravam Jesus para matá-lO. Durante sua pregação, os evangelistas mencionam várias vezes que entre os ouvintes de Jesus estavam os fariseus e mestres da Lei procurando lançar-lhe armadilhas para justificar uma medida severa e, se possível, a morte. A armadilha no caso da mulher adúltera (Jo 8, 3-11) é típico disso. Depois do milagre retumbante da ressurreição de Lázaro querem matá-lO ( Jo 11, 50).

No caso do Evangelho referido inicialmente, vemos claramente que Jesus sabia estar rodeado de inimigos. Por isso usa de uma divina sagacidade: primeiro diz ao paralítico “Filho, os teus pecados estão perdoados”. Dito que provoca a ira dos mestres da Lei pois “só Deus pode perdoar os pecados”.

Jesus ressuscita Lázaro

Só depois deles formularem entre si esta objeção Jesus prossegue: “Por que pensais assim em vossos corações?” E dá a prova de que é Deus e pode perdoar os pecados: “ O que é mais fácil, dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados estão perdoados’ ou dizer ‘Levanta-te, pega a tua cama e anda’? Para que saibais que o Filho do homem tem, na terra, poder de perdoar pecados — disse Ele ao paralítico — Eu te ordeno: levanta-te, pega a tua cama e vai para tua casa”.

Para vermos a divina sagacidade de Jesus, invertamos a sequência dos fatos: Ele curaria primeiro e depois diria que perdoava os pecados. Não teria o mesmo efeito de calar os inimigos.

Jesus pede de todos nós bondade, misericórdia, mas quer também que tenhamos sagacidade na defesa do bem e da virtude. Quando Ele fala sobre as qualidades dos discípulos, refere-se à astúcia da serpente ao lado da simplicidade da pomba (Mt 10, 16).

É bom lembrar

No Congresso Eucarístico de Filadélfia (EUA) em 1976 o testemunho do Pe. Hubert Shiffer,SJ, sobrevivente de Hiroshima, chamou enormemente a atenção.

Como é de conhecimento geral, em 1945 os americanos lançaram bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki. Em Hiroshima, num raio de um quilometro e meio tudo foi arrasado e as pessoas carbonizadas. Entretanto, a 800 metros do centro da explosão uma casa permaneceu de pé, e seus oito ocupantes nada sofreram. Era a casa paroquial dos jesuítas.

Desde a explosão até o dia do testemunho em 1976, cerca de 200 cientistas investigaram o caso cuidadosamente, procurando a causa da não destruição e do fato dos oito jesuítas residentes não terem sofrido nada, nem no momento da explosão nem posteriormente as sequelas da exposição à forte radiação atômica. No momento do testemunho todos os oito gozavam de boa saúde.

O Pe. Shiffer atribui a salvação de suas vidas à proteção da Virgem Maria:

— Eu estava no meio da explosão atômica e estou aqui são e salvo. Na casa poupada pela explosão fazíamos uma coisa todos os dias: rezávamos o Santo Rosário. Por isso fomos protegidos por Nossa Senhora.

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Em Nagasaki, o convento fundado por São Maximiliano Kolbe foi poupado bem como seus ocupantes. A razão que deram foi a mesma: “Rezávamos o Rosário diariamente”.

Peçamos a Nossa Senhora uma semelhante fé no poder de sua intercessão através especialmente do Rosário.

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Fontes: http://www.corazones.org e “LOS ANGELES TIMES” de 6 de agosto de 1957.

O caleidoscópio

Quem já teve a oportunidade de olhar através de um caleidoscópio se encanta com a variedade que um simples girar faz aparecerem as figuras mais encantadoras.

Isso é de tal modo que se quereria poder fixar cada uma das formações. Realmente daria uma bela exposição, se um fotógrafo apresentasse uma infinidade de combinações de um único caleidoscópio.

Nos poucos intervalos de sossego que a vida corrida de hoje proporciona, seria um salutar exercício se alguém se dedicasse não a um caleidoscópio comum, mas a observar o imenso, variadíssimo “caleidoscópio” posto por Deus na natureza para nos entreter, nos elevar até Ele.

A Escritura diz que os céus narram a glória de Deus. São Tomás de Aquino, “o mais sábio dos santos e o mais santo dos sábios” afirma que Deus deixou na criação “vestígios” de si mesmo. Se pararmos um pouco, fizermos um passeio num campo poderemos constatar a veracidade dessa afirmação.

Numa folha ao sol move-se uma joaninha. Quem não teve a vontade de colocá-la na palma da mão e contemplar aquela pequena joia que entretanto tem vida. De repente ela faz um voo e veem-se asinhas diáfanas, azuladas a levá-la a uma planta próxima.

Perto de nós está uma flor, pequena miniatura do lírio; mais além um flor maior da qual um beija-flor tira o seu alimento. Dir-se-ia que ele alimenta-se de perfume…

Seria um não mais acabar… Num pequeno espaço de terreno a variedade de formas de vida que se encontra é quase inesgotável.

Agora imagine o leitor poder fazer o mesmo com vários trechos de terreno em lugares variados do globo terrestre: no alto de um monte, na misteriosa Índia, nas pradarias outonais do Canadá, numa pequena ilha do Havaí, etc.

Foi o que tentamos fazer nas ilustrações deste post e na galeria que se segue.

Homenagem ao Menino Deus

Dezembro, mês onde comemoramos o mais importante dos aniversários, o nascimento do próprio Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo. Todos sabemos quão maravilhoso foi este nascimento, que graças trouxe à Terra e principalmente como nos tirou das trevas do pecado e nos levou à Luz.

Pois bem, no Natal boa parte das pessoas está preocupada com os presentes que vão dar aos amigos, parentes, etc. Mas quantos são os que se preocupam em dar ao Menino Jesus algum presente…

Uma antiga lenda conta que, um pobre menino acompanhou os Reis magos até a gruta de Belém e quando viu os presentes dados pelos magos, pensou: “não tenho nada para oferecer, a não ser o som do meu pequeno tambor”. tocou para o Menino Jesus a melhor de suas canções e recebeu como agradecimento um sorriso divino.

Os Arautos do Evangelho de Curitiba, seguiram o exemplo deste menino, e fizeram uma homenagem musical ao Divino Infante.

Realizada no Teatro Fernanda Montenegro, no Shopping Novo Batel, com a presença de mais de 400 pessoas, foram interpretadas várias peças musicais de natal, entre elas: Les Anges(de origem francesa), Quanno Nascette Nino( Italiana) entre outras. Os Canarinhos de Campo Largo também participaram da apresentação entoando villancicos e musicas polifônicas em honra a Nosso Senhor. O Maestro Theo de Petrus, conduziu todas as músicas.

Desejamos a todos os nossos leitores um Santo Natal e um ano novo carregado das benção do Menino Deus.