Quem acreditaria na afirmação (ou melhor, negação) do título? Se perguntássemos a alguém se CRÊ que o sol nascerá amanhã, provavelmente responderia:
— Não adianta eu crer ou não crer: o sol nascerá do mesmo jeito!
E se perguntássemos:
Blog dedicado as atividades dos AE em Curitiba/Piraquara através do Projeto Futuro e Vida e outras atividades apostólicas desta instituição
Quem acreditaria na afirmação (ou melhor, negação) do título? Se perguntássemos a alguém se CRÊ que o sol nascerá amanhã, provavelmente responderia:
— Não adianta eu crer ou não crer: o sol nascerá do mesmo jeito!
E se perguntássemos:
Seria possível compor uma música com uma nota só?
Na medida que se possa chamar de música o som de uma sirene ou de uma buzina, sim. Mas aí seria um único tom, seria mono tom, seria monótono: esse é o significado da palavra “monótono”. Um só (“mono”) som (tono).
É o mínimo que se poderia dizer de um único som: monótono.
Para haver beleza, a música deve ter uma variedade de sons. Só havendo variedade é possível harmonia.
Vejamos, então, uma música.
A Santa Igreja Católica é a grande sinfonia criada por Deus para os ouvidos da nossa alma. Sinfonia que reflete a variedade de atributos do Criador, suas infinitas perfeições.
No dia 6 de outubro a Igreja comemora uma das notas musicais inspiradas poe Ela: São Bruno, fundador da Cartuxa, uma das ordens religiosas mais ciosas da perfeição, a brilhar nos céus da Santa Igreja.
São Bruno viveu nos últimos anos do século XI. Inspirado por Deus, fundou o Ordem dos Cartuxos, que na solidão, no perpétuo silêncio e austera simplicidade busca a perfeição da vida contemplativa. A Ordem tem um lema: “Nunca reformada porque nunca deformada”, expressão de sua fidelidade ao carisma original do Fundador.
Para aquilatarmos a obra de São Bruno, vejamos como se passa a vida de algum de seus filhos espirituais. Para isso, penetremos na austera cela onde um cartuxo reza. À sua frente um crucifixo relembra a morte mais dolorosa que jamais houve. Revestido de um simples e pobre hábito, parece a personificação da gravidade, da resolução varonil de só viver para o que é verdadeiro, eterno, de nobre simplicidade e espírito de renúncia a tudo quanto é da terra. Pobreza material enfim, iluminada pelos reflexos sobrenaturais da mais alta riqueza espiritual. ⁽¹⁾
Consideremos a outra ilustração: o Concílio reunido na Basílica de São Pedro. É uma feeria de cores, luzes e pompas numa cena histórica. Tudo se reveste de uma grandeza, que é o suprassumo do que a terra pode apresentar de mais belo.
O que em uma foto é gravidade recolhida, no outro é glória irradiante. O que em um é pobreza, no outro é fausto. O que em um é simplicidade, no outro é requinte. O que em um é renúncia às criaturas, no outro é a superabundância das mais esplêndidas dentre elas.
Pode-se, então, ao mesmo tempo amar a riqueza e a pobreza, a simplicidade e a pompa, a ostentação e o recolhimento? Pode-se a um tempo louvar o abandono de todas as coisas da terra, e a reunião de todas elas para a constituição de um quadro em que reluzem os mais altos valores terrenos, reflexos da Beleza infinita de Deus?
Existe uma contradição?
Não, pelo contrário, a Igreja Se mostra santa, e sabe estimular a prática das virtudes presentes na vida obscura do Monge, e no esplendor de São Padro. Uma coisa se equilibra com a outra, um extremo (no sentido bom da palavra) compensa a outro e com ele se harmoniza.
Na austeridade do Monge, se vai até Deus considerando o que as coisas não são. No esplendor da Liturgia se sobe até Ele.
A Santa Igreja convida os seus filhos a irem por uma e outra via simultaneamente. Pelo espetáculo sublime de suas pompas, e pela consideração das admiráveis renúncias que só Ela sabe inspirar e fazer realizar.
Como numa música bem composta, as diversidades combinadas harmoniosamente são o fator de beleza.
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⁽¹⁾ Adaptação de trechos do artigo “Pobreza e fausto: extremos harmônicos no firmamento da Igreja”, Plinio Corrêa de Oliveira, jornal Catolicismo, nº 96.
É mundialmente conhecida a famosa guarda suiça do Papa, não só pela disciplina, pela bela vestimenta, como pela sua dedicação em zelar pela pessoa sagrada daquele que Jesus constituiu como “pedra sobre a qual edificou a sua Igreja”.
Muitos dos guardas suíços, ao longo dos séculos deram exemplo dessa dedicação, chegando às vezes a sacrificar a própria vida na defesa daquele que Santo Inácio de Loyola chamava “o doce Cristo na terra”.
Tiveram exemplos históricos para seguir.