A conversa como meio de educação familiar

Imagem

De todas as influências possíveis, a mais profunda é aquela exercida por quem, a qualquer título, representa um modelo a ser imitado e seguido pelo outro. Este é um arquétipo. Se um filho vê nos pais a realização daquela pessoa ideal que deseja ser quando crescer, mais facilmente se deixará influenciar por eles.

Na medida em que os pais não realizarem este arquétipo que o filho espera deles, sua influência junto ao filho minguará. Este irá buscar esta “arquetipia” em outras pessoas. Isto acontece porque o homem, ao nascer, é como um esboço que deve ser completado por si próprio, de acordo com certo modelo ideal, absoluto, que o seu senso do ser lhe aponta. Nisto consiste a sua santificação e, portanto, sua união com o modelo absoluto que é Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por isto, desde muito cedo, sentindo sua fragilidade intelectual e moral, a criança se dá conta de que, por si mesma, não poderá conhecer nem atingir inteiramente o ideal ao qual se propõe. De onde se colocar docilmente, de início, sob a proteção dos pais. Mais tarde, vai colocar-se sob a influência, guia e proteção de pessoas suscitadas pela Providência para orientar aquele movimento de sua alma rumo ao modelo absoluto que procura como objetivo último.

A conversação se insere, assim, numa regra universal do convívio humano, expressa em um provérbio latino muito nobre: similis simili gaudet, o semelhante alegra-se com o seu semelhante. Nesta concepção, a arte da conversa acaba sendo um meio que os semelhantes encontram de se apoiarem gaudiosamente uns nos outros para, unidos por semelhança, buscarem Aquele que ao criar-nos, disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gên. 1,26).

A conversa à mesa é uma ocasião de ouro para estabelecer um convívio agradável entre os membros da família, tão prejudicado pela correria da vida moderna. Para isto, é indispensável que o pai e a mãe de família tenham o cuidado de não trazerem para a mesa os “amargores” do dia. É preciso procurar fatos interessantes que possam agradar a todos.

Nunca a conversação familiar, durante as refeições, pode degenerar-se em vulgaridades nem em críticas a pessoas, ainda que distantes, pois além de serem desinteressantes e deformantes das crianças, acabam filtrando e criando inimizades. Mesmo entre pessoas de absoluta confiança, a prudência desaconselha  quaisquer palavras ou insinuações que possam ser ou mesmo parecer-se com a maledicência.

Por Prof. Antônio Oliveira Queiroz, EP

Convite para 13 de maio

Citar

No próximo 13 de maio, comemoraremos os 100 anos da primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima, a qual foi seguida por mais cinco nos meses consecutivos do ano de 1917. Os Arautos do Evangelho desejam celebrar este centenário de um modo muito especial e, por isso, preparamos para você e sua família uma linda cerimônia.

…Continue lendo…

Passeio a São Luís do Purunã

Famílias reunidas

Houve quem já disse: “O melhor pedestal para o homem é o cavalo!”. Afirmação ousada! Alguém poderia objetar: “Não! O melhor pedestal para o homem é o trono!”. Enfim, de fato um trono mostra a realeza de um homem, não há dúvidas de que seja dignificante. Porém, no cavalo, o ser humano mostra, além da realeza que lhe foi conferida pelo próprio Deus para reinar e dominar sobre toda a criação visível, também a disposição de batalhar, no bom sentido da palavra, para merecer todas as outras honras. E assim foi que, com grande mérito, pais, parentes e alunos do Projeto Futuro e Vida conquistaram esse belo pedestal! Vencendo o medo, vencendo algumas inseguranças e desconfianças, puderam eles montar com altaneria e dar uns bons galopes. Fica o convite e o desafio para, da próxima vez, além de galopar, saltarmos alguns obstáculos, que tal?

Continue lendo Passeio a São Luís do Purunã

Mensagem para o dia das mães

Imagem

Mãe: mais preciosa que um brilhante

Mãezinha do coração quero vos enviar uma coroa de flores, ou melhor, de pedras preciosas, pois, na senhora, a esperança foi sempre modelo; a verdade sempre estável em seus pensamentos, eu te estimo representada pela safira que lembra por seu azul a serenidade do céu.

Por seu colorido róseo rubro, a ametista simboliza o amor que Deus tem por ti e aquele amor que o os filhos te consagram.

Escura em sua consistência, a ágata é atravessada de veios luminosos; autêntico símbolo daquela modéstia por onde és tão grata a Deus.

O berilo é modesto em sua cor, e, contudo lança raios luminosíssimos; bem representa assim a humildade de teu coração, e a benignidade que tendes em relação aos filhos.

O jacinto se confunde com o ar, e simboliza assim seu carinho que se adapta a todos os problemas discernidos por teu olhar.

O cristal no seu frescor exprime a calma dos sentidos.

O rubi indica especialmente a Fé que tu rendes a Nossa Senhora que também é mãe da senhora.

A brilhante calcedônia, ainda mais bela sob os ardores do sol, exprime o fogo do amor que em sua alma emite raios de luz.

Nesta coroa incrustaremos também o ímã. Pois assim como ele atrai o ferro tão logo dele se aproxima, assim, ó mãe querida, um olhar teu faz vibrar as cordas das nossas almas.

A transparência da esmeralda nos seus esverdeados reflexos designa a pureza de suas intenções.

E o diamante, como te simboliza poderosamente! Ele resiste a todos os golpes assim como por tua força e paciência resistis a todas as adversidades. Lembra que o diamante é um carvão que, nas trevas e sob a pressão dos sofrimentos mais atrozes, admirou tanto a luz que se transformou num raio de sol. Esse diamante, senhora, que também por seu brilho dissipa as trevas da noite, refletirá sempre aquilo que se estende por todas as partes e triunfa de todas as distâncias, teu nome, querido, estimado, amado e apreciado… Carinhosa e sempre… Mamãe!

(Inspirada na canção gregoriana “Ave Virgo Nobilis”)

VEJA AQUI NOVAS MENSAGENS E CARTÕES PARA AS MÃES!

Breve síntese sobre Fátima

Link

No dia 5 de Maio de 1917, durante a primeira guerra mundial, o Papa Bento XV convidou os católicos do mundo inteiro para se unirem em uma cruzada de orações para obter a paz com a intercessão de Nossa Senhora. Oito dias depois a Beatíssima Virgem dava aos homens a sua resposta, aparecendo a 13 de maio a três pastorinhos portugueses: Lúcia de 10 anos, Francisco de 9 e Jacinta de 7. A Senhora marcou com eles encontro naquele mesmo lugar, um lugar espaçoso e descampado denominado Cova da Iria, para o dia 13 de todo mês. Lúcia, a maiorzinha, recomendou aos primeiros para não contarem nada em casa. Mas Jacinta não soube guardar o segredo e no dia 13 de Junho, os três pastorinhos não estavam mais sozinhos no encontro.

…Continue lendo…

A música na educação individual e social

Citar

Segundo São João Bosco é também dever do educador, ajudar ao educando a se aperfeiçoar no sentimento do belo.

Este sentimento é natural, mas deve desenvolver-se e aperfeiçoar-se.

Toda criança deve capacitar-se para apreciar as belezas da natureza, da arte, da religião. A este respeito dizia Dom Bosco:

“Recordo que quando eu era menino, minha mãe ensinava-me a alçar o olhar para o céu e observar as maravilhas do campo. Nas noites serenas e estreladas, levava-nos ao campo e mostrando-nos o céu, dizia-nos:

“É Deus quem criou o mundo e pôs lá em cima tantas estrelas tão belas. Se tão belo é o firmamento, como não será o Paraíso?

“Ao chegar a primavera, quando ao raiar da aurora aparece a campina recamada de flores, exclamava: ‘Quantas belas coisas fez para nós o Senhor!’.

“Quando as nuvens tornavam-se mais densas e se obscurecia o céu e retumbavam os trovões, que poderoso é o Senhor, quem poderá resistir-Lhe? Por isso não cometamos pecados.

“E no inverno, quando estava tudo coberto de neve e gelo e nós, embora em nossa pobreza, nos achávamos recolhidos em volta da lareira, com muita naturalidade dizia-nos: ‘Quanta gratidão devemos ao Senhor, ele nos provê de tudo o que é necessário, Deus é verdadeiramente Pai, ‘Pai nosso que estais nos Céus’.

“Contemplar nos céus a imensidade, a sabedoria, o poder de Deus, quantos anos e séculos de luz, quanta ordem, quanta harmonia.

“Deve se promover em nossos colégios e escolas profissionais o esplendor do culto. Um bom clero juvenil, boa música e muito bom canto.”

Na mentalidade deste grande educador, as orquestras, bandas e corais não são simples ornamentos, mas “verdadeiras necessidades das casas de educação”, um verdadeiro elemento de vida.

Para o fundador dos salesianos, a música é um grandíssimo fator de educação individual e social: suaviza, dignifica e eleva.

Função social da beleza

O sentimento estético é eminentemente social. Ele é fator de simpatia, de satisfação e deleite. Diz-se que o bem é eminentemente difusivo. Da beleza podemos dizer que ela é eminentemente comunicativa. Quem saboreou a pulcritude aspira a comunicar aos outros suas emoções, sua admiração, sua deleitação, sua satisfação.

Com efeito, é manifesto que a beleza consegue esse prodígio de fazer vibrar as almas em uníssono, criando uma forma própria de unidade espiritual que transcende os conflitos. Tais sentimentos, produzidos pela beleza, fazem dela um caminho fácil e aprazível para chegarmos até Deus. Caminho este consagrado por São João Paulo II como “Via Pulchritudinis”, cuja eficácia é atestada por uma infinidade de fatos históricos.

Clóvis, o primeiro rei cristão da história, foi batizado por São Remígio no Natal do ano 496. Para este dia, Santa Clotilde, sua esposa, mandou ornamentar, belamente a Catedral de Reimes, a praça e ruas adjacentes. Narram os cronistas que o bárbaro rei, ao aproximar-se do Santo Bispo, perguntou-lhe, emocionado: “Pai, isto já é o Céu!”. Ao que o Santo respondeu: “Não, filho, este é o caminho do Céu!”. Neste belo episódio histórico podemos ver um primeiro serviço prestado pela beleza à evangelização dos povos, enquanto instrumento da graça divina.

Vitrales – Basílica de St-Remi – Reims, Francia

A “linguagem” da beleza

Imagem

São Tomás assim define a beleza: “Id quod visum placet”, aquilo que agrada ver. Agrada pela integridade, pelas proporções, pela unidade na variedade, pela clareza e resplendor que o ser contemplado emite. Daí vem a definição de belo: o esplendor da verdade e do bem.

A unidade na variedade é o fundamento da beleza. A multiplicidade dos aspectos e as semelhanças entre eles tornam mais resplandecente a beleza quando esses predicados se unem e explicitam a beleza. A unidade triunfa quando submete à sua lei elementos na aparência inconciliáveis. Este efeito pode ser percebido na policromia dos vitrais góticos, bem como nas “arquiteturas” sonoras de Bach, de Mozart, de Palestrina, de Hendel e quantos outros, onde a unidade reúne e funde motivos e temas múltiplos num mesmo todo harmonioso. Ali, nada é inútil, tudo concorre e se combina para exprimir uma mesma idéia.

O “placet” de São Tomás é a alegria, o deleite, o comprazimento que o belo nos proporciona ao colocar nossa inteligência em contato com a claridade esplendorosa da perfeição e da ordem postas pelo Criador nas criaturas.

A beleza é acessível, primeiro aos dois sentidos mais nobres, vista e audição. Mas, quase simultaneamente, é captada pela inteligência, pondo o homem inteiro em estado de alegria, satisfação e bem-estar, constantemente renovados. O ouvido se compraz com uma bela música, os olhos se encantam com os belos panoramas, com as belas obras de arte. “Placet” é este encantamento que a beleza sensível produz.

O belo é sumamente deleitável, encanta e arrebata os sentidos e gera o sentimento do querer bem. De modo que o ser humano, composto de alma e corpo, em face de uma beleza arrebatadora, ao deixar-se arrebatar, não está renunciando à sua condição racional. A beleza esplendorosa ilumina a inteligência como um relâmpago, desprende a vontade de tudo que é menos esplendoroso, e arrebata o homem todo para o estado de contemplação.

As coisas belas, pelo que contêm de perfeição inesperada, de visão original e penetrante, de associações singulares, de combinações audaciosas, provocam admiração, pasmo, surpresa e inspiram uma espécie de respeito sagrado, pela revelação que fazem do mundo secreto das formas e das cores. Mas este respeito sagrado é causado sobretudo pelo irresistível poder de fascínio que exerce sobre a inteligência humana. O homem sente-se subjugado pela beleza e reverencia nela o próprio Deus.

Daí que julgando perceber efeitos do que é sagrado em certas formas de beleza, Ruskin chega a falar de “religião da arte” e “religião da beleza”. Mas este não é mais que um modo didático de se exprimir, pois a arte não é uma religião. Se a beleza merece nossas homenagens é porque ela deixa filtrar, à maneira de reflexos, os encantos da Beleza Infinita[1].

[1] Régis Jolivet, Curso de Filosofia, Agir, RJ, 6a- Ed., 1963, pp. 362,365.

Musicoterapia e formação da juventude

Link

Apesar das inúmeras comodidades oferecidas pelo progresso tecnológico ao homem moderno, este não se sente satisfeito. Cada vez mais ele dá mostras de sofrer em sua intimidade; de modo inexorável o mal avança e os sintomas vêm à tona. A depressão, é um desses graves sintomas, sobre a qual a revista francesa “L´Histoire” publicou há pouco uma edição especial, na qual aparece entrevista em que o sociólogo francês Alain Ehrenberg (2004,  p. 33), coment

a:

“A depressão tornou-se um fenômeno de sociedade. Na primeira metade do século XX, essa doença não era senão uma síndrome situada entre as demais doenças mentais, e não era objeto de qualquer atenção particular em

nossas sociedades. Tudo mudou nos anos 1970. A epidemiologia psiquiátrica mostra então que ela passou a constituir o problema mental mais espalhado no mundo, enquanto os psicanalistas percebem um nítido aumento no número de pessoas deprimidas em sua clientela. A depressão passou a ser considerada pelos meios de comunicação como “doença da moda”, ou “mal do século”. Ou seja, a novidade não é a doença em si, mas sua amplitude.”

Médicos, sociólogos, especialistas das mais diversas categorias procuram meios para remediar tal doença, e por certo as manifestações artísticas que convidam o homem a sair de seu egoísmo, a admirar, a cantar e sorrir podem também ser instrumentos de grande alcance nesse esforço.

Paralelamente, a musicoterapia constitui uma prática que já começa a ser estudada e adotada em todo o mundo. No Brasil, uma entidade que vem coordenando a promoção dessa atividade é a União Brasileira das Associações de Musicoterapia. Uma de suas representantes é a musicoterapeuta Claudia Drezza Murakami em entrevista à imprensa assinalou (MURAKAMI, 2006, p. 7):

“Musicoterapia é a utilização da música e ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um paciente ou grupo, num processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas. A musicoterapia objetiva desenvolver potenciais e/ ou restabelecer funções do indivíduo para que ele / ela possa alcançar uma melhor integração intra e / ou interpessoal e, em conseqüência, uma melhor qualidade de vida, pela prevenção, reabilitação ou tratamento. Esta é a definição da Federação Mundial de Musicoterapia, de 1996.”

O belo, entretanto, não deve ser considerado apenas como um medicamento, mas com um bem de primeira necessidade, tal como o ar, a água e a luz do sol. Ele pode se expressar de múltiplas formas, como a arquitetura, a pintura, a escultura, a literatura, o teatro etc.

Existe hoje em dia uma busca do belo, ou este é um tema que está fora de cogitação para a maioria das pessoas? De modo fragmentário, esta busca existe, pois, a música, a mais imaterial das artes, é também a que mais pode influenciar a alma humana.

Santo Afonso e Nossa Senhora do Bom Conselho

Citar

 

Festa de Nossa Senhora do Bom Conselho [1]

         “Meu é o conselho e a equidade, minha é a prudência e a fortaleza” (Prov. 8, 14).

Sumário. O pecado de Adão produziu efeitos funestíssimos não só na vontade do homem, mas também no seu espírito. Jesus Cristo reparou a ignorância fatal por meio da divina graça. Mas assim como uma mulher foi, pelo mau conselho dado a Adão, causa da nossa grande cegueira, a Divina Providência quis que o remédio nos viesse também por meio de uma mulher, isto é, por Maria, constituída Mãe do Bom Conselho. Recorramos, pois, sempre à Virgem invocando-A sob um título tão belo e tão consolador.

  1. O pecado de Adão produziu efeitos funestíssimos, não só na vontade do homem, como também em seu espírito; de tal forma que é pouco o que sabemos dos bens verdadeiros da vida presente, e nada, absolutamente, o que nos é conhecido acerca dos bens da vida futura. Mais; na palavra de São Paulo, com relação à vida futura a nossa incapacidade e ignorância são tão grandes, que não somos capazes de formar por nós mesmos nem sequer um bom pensamento: Non sumus sufficientes cogitare aliquid a nobis, quasi ex nobis [2]. Pelo que São Pedro, como nos refere São Clemente, comparava o mundo a uma casa cheia de fumaça, que não deixa o habitante ver nem o que está dentro da casa, nem o que está fora.

A esta nossa ignorância fatal o nosso amoroso Redentor aplicou um remédio eficaz pela graça divina. Mas, assim como uma mulher, pelo mau conselho dado a Adão, foi causa da grande cegueira do próprio Adão, e de todos os seus descendentes, assim a Divina Providência quis que o remédio nos viesse também por uma mulher, isto é, por Maria, constituída Mãe do Bom Conselho.

É por isso que o Espírito Santo, na Sagrada Escritura, compara a Santíssima Virgem à lua: Pulchra ut luna [3] – “Formosa como a Lua”. Porque, segundo a explicação de São Boaventura, assim como a Lua está colocada entre o Sol e a Terra, e reflete para esta a luz que recebe daquele, a Divina Providência colocou igualmente Maria entre Deus e os homens, e todo o influxo de graças que Ela recebe do divino Sol, Jesus Cristo, transfunde-o em nós, seus filhos.

  1. Se desejamos luz em nossas trevas, em nossas dúvidas, em nossas perplexidades, se desejamos sobretudo obter a graça importantíssima, da qual depende a nossa salvação, isto é, a graça de conhecer o estado de vida a que Deus nos chama, e de cumprirmos fielmente as suas obrigações, olhemos para o astro luminoso no firmamento do Céu, Maria, e invoquemo-La sob o título de Mãe do Bom Conselho. Ensina a experiência de todos os dias que a Santíssima Virgem se agrada de ser invocada sob este belo título; porquanto a quem A invoca assim, Ela abre logo os seus tesouros e faz descer sobre ele, qual chuva benfazeja, os favores de Deus. Entretanto, procuremos imitar os exemplos de virtude de nossa boa Mãe, e obedeçamos prontamente a suas santas inspirações. Quando a Ela recorremos, imaginemos que nos diz o que Rebeca disse a Jacob: Nunc ergo, fili mi, acquiesce consiliis meis [4] – “Agora pois, meu filho, segue os meus conselhos”.

“Gloriosíssima Virgem, escolhida pelo Conselho Eterno para ser Mãe do Verbo Encarnado, tesoureira das divinas graças e advogada dos pecadores, eu, o mais indigno dos vossos servos, a Vós recorro, para que Vos digneis ser minha guia e conselho neste vale de lágrimas. Alcançai-me, pelo preciosíssimo Sangue de vosso divino Filho, o perdão dos meus pecados, a salvação da minha alma e os meios necessários para operá-la. Alcançai para a Santa Igreja o triunfo sobre seus inimigos e a propagação do Reino de Jesus Cristo por toda a terra. Assim seja” [5].

“Ó Deus, que nos destes por Mãe a Mãe do vosso amado Filho, e Vos dignastes glorificar a sua formosa imagem por uma aparição milagrosa; concedei-me que, seguindo-Lhe sempre os conselhos, tenha força para viver segundo o vosso Coração, e chegar felizmente à Pátria Celeste. Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo” [6].

——

[1]  Santo Afonso foi devotíssimo a Nossa Senhora sob o título de Mãe do Bom Conselho. O Papa Pio IX recomendava esta devoção especialmente para se conhecer a vocação; e o Papa Leão XIII mandou inserir nas Ladainhas de Nossa Senhora a invocação de Mãe do Bom Conselho.

[2]  2 Cor. 3, 5.

[3]  Cant. 6, 9.

[4]  Gen. 27, 8.

[5]  Indulg. de 100 dias.

[6]  Or. festi.

 

Fonte: Pe. Thiago Maria Cristini, C. SS. R., “Meditações para todos os dias do ano tiradas das obras de Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo e Doutor da Igreja”, Herder e Cia., tomo II, págs. 323 – 325, Friburgo em Brisgau, Alemanha, 1921.